Bolsonaro é o único presidente do Brasil, desde a redemocratização, a governar sem partido

Jair também é o presidente que mais trocou de agremiações. Ao todo, são nove

O presidente Jair Bolsonaro completou dois anos sem partido. O fato é inédito para um presidente da República no Brasil desde a redemocratização.

A filiação ao PL, que deve ocorrer nesta terça-feira (30), já faz parte de uma pressão interna de aliados para avançar nos acordos estaduais visando a disputa eleitoral de outubro próximo.

Primeiro presidente brasileiro, depois da redemocratização, a governar sem partido, Jair também é o mandatário que mais trocou de agremiação desde que entrou para a vida pública: assinou por nove vezes fichas de filiações ao longo da trajetória política.

Logo depois de eleito, em 2018, Bolsonaro se desentendeu meses depois com a direção do PSL e deixou a sigla — assim como algumas lideranças fieis ao presidente.

Filiações

Na história recente brasileira não é comum que um presidente fique longe de instâncias partidárias. 

Eleito indiretamente pelo MDB, José Sarney sequer trocou de partido. Aos 91 anos de idade, hoje ainda segue nas fileiras emedebistas. 

Fernando Collor é quem ainda se aproxima de Bolsonaro quando se trata de trocas partidárias. O atual senador de Alagoas está no oitavo partido. Collor foi presidente quando filiado ao extinto PRN. 

O político, no entanto, já tinha passado pela Arena (1979), PDS (1980-1985), MDB (1986-1988), integrou o PRN entre 1989 e 1992, e depois foi filiado ao PRTB (1999-2006), migrando para o PTB (2007-2016), passando pelo PTC (2016-2019) e agora está no Pros desde 2019. 

"Fidelidade"

Os demais presidentes foram mais fieis aos seus partidos. Fernando Henrique Cardoso, que foi filiado ao MDB de 1974 a 1988, se elegeu pelo PSDB em 1994. E continua até hoje, aos 90 anos, como presidente de honra da sigla.

Lula, fundador do PT, segue no partido. Dilma Rousseff esteve nas fileiras do PDT de 1980 e 2001, mas em 2001 assinou ficha de filiação ao PT. Foi eleita duas vezes presidente da República pelo partido que integra até os dias de hoje.

Por fim, Michel Temer se filiou ao MDB ainda em 1981, e permanece até hoje.

Trocas

Apesar de críticas ao chamado "centrão" durante a campanha eleitoral de 2018, Bolsonaro esteve na carreira política inteira filiado a partidos com esse perfil. 

O ex-capitão foi filiado ao PDC (1989–1993), ao PP (1993), PPR (1993–1995), passou pelo PPB (1995–2003), assinou ficha de filiação do PTB (2003–2005), integrou o PFL (2005), fez parte do PP (2005–2016), depois entrou nas fileiras do PSC (2016–2018) e teve o PSL (2018–2019) como última legenda.

O PL deve ser o décimo partido do presidente.