Com investimentos previstos de R$ 20 bilhões para a construção de uma usina de hidrogênio verde no Ceará, a australiana Fortescue defende celeridade para uma legislação que possa pavimentar o desenvolvimento deste segmento no Brasil.
Para Luis Viga, country manager da companhia no País, o momento de agir é agora. A urgência aumentou depois que os Estados Unidos tomaram a dianteira global dos investimentos em hidrogênio, lançando uma política de Estado com foco nesta matriz, prevendo aplicar US$ 360 bilhões. Já há vários projetos multibilionários para a produção de hidrogênio em andamento no solo norte-americano.
Isso não reduz o imenso potencial brasileiro, mas pode fazer com que investidores repensem o local onde aportarão seus vultosos recursos, dando preferência a uma nação que garanta segurança jurídica e uma cadeia produtiva mais sólida nesta nova indústria.
"A ideia do Governo Federal é que essa é uma área em que a gente precisa investir, mas o que a gente precisa agora é de ação concreta, como fizeram os Estados Unidos. Não podemos ficar só na ideia de 'vamos fazer e vamos estudar'. Se ficarmos assim, vamos perder esse bonde", afirma o empresário.
A avaliação é que é preciso abraçar essa bandeira, assim como fez o estado do Ceará ao longo dos últimos anos, colocando em consonância o setor produtivo, o poder público e a academia em torno do hidrogênio.
Cadeia produtiva
Viga afirma que, para além da produção de energia limpa e abundante, o hidrogênio será um vetor para a neoindustrialização verde no Brasil, funcionando como alicerce para uma nova e colossal estrutura produtiva, que incluirá ainda segmentos como o aço verde e os fertilizantes.
Ele afirma que, nacionalmente, o Ceará está na liderança desta corrida, não só pelas vantagens naturais, mas pelo comprometimento dos diversos atores locais com esta pauta.
"O mundo viu no Ceará energias renováveis de qualidade, com preço competitivo e uma infraestrutura, com o Porto do Pecém, Roterdã e a ZPE, além do trading de energia já estabilizado no Brasil, com a força da eólica e solar", diz o executivo.
O projeto da Fortescue já concluiu estudos de impacto ambiental (EIA/Rima) e espera obter a licença prévia da Semace (Secretaria do Meio Ambiente) em breve.
"Em 2 de agosto, teremos o primeiro projeto em escala de gigawatts a ter uma licença prévia de instalação ambiental. Estamos investindo em engenharia e compra de energia para tomar uma decisão de investimento. Tudo hoje está no caminho certo para concretizar este investimento", afirma Viga.