Um dos termos mais comentados e discutidos pelos interessados em autoconhecimento e saúde é mindfulness. Suas origens vêm do Budismo (sistema filosófico e religioso) que começou no século 5 a.C., na Índia. Ele se caracteriza por priorizar os aspectos éticos e as possibilidades da mente humana.
Diante de um mundo hiper agitado e dinâmico em que vivemos, ou mesmo, no dizer do sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925 – 2017), uma “Modernidade Líquida”, onde as relações e os acontecimentos não são feitos para durar, são rápidos e em constante mudança; os indivíduos acabam desenvolvendo um modo de vida mecânico e automático, perdendo contato com o real e empobrecendo o relacionamento consigo, com os outros e com o mundo.
Esse modo de vida é deveras estressor e gerador de doenças, especialmente as psíquicas como depressão, síndrome de pânico e burnout.
Mas, como sabemos, a necessidade gera oportunidades. E é nesse contexto que vem à tona o mindfulness.
O médico americano Kabat-Zinn, a partir de 1979, aproveitou seus estudos e práticas budistas zen, bem como de yoga, e uniu à medicina ocidental. Em 1990 ele conceitua mindfulness como: “Prestar atenção de uma forma particular, intencionalmente, no momento presente, e sem julgamento.”
A partir daí, ele e outros pesquisadores, desenvolveram programas de treinamento mental com o objetivo de ajudar as pessoas a desacelerar e melhorar a relação com o estresse.
Foram desenvolvidos protocolos para aplicação nas empresas, escolas e hospitais, como também na clínica, como prática complementar no tratamento de diversos quadros.
Para pôr em prática na vivência diária, é necessário focar em três aspectos: intenção, atenção e atitude.
Intenção tem a ver com propósito, objetivo. Um exemplo hipotético para facilitar a compreensão: identifiquei que não tenho dedicado o tempo necessário a meu filho. Então, esse será o meu objetivo.
Atenção é trazer o foco para resolver a minha necessidade. No exemplo, é identificar como vou me organizar para ficar próximo ao meu filho.
Atitude é pôr na prática, com a atenção de qualidade, a resolução da minha necessidade, coerente com meu propósito. Seguindo o exemplo, priorizar o tempo dedicado ao meu filho, com qualidade na presença.
Exercitar o que chamo de vivência plena, que é manter a mente onde o corpo está, naquilo que estiver fazendo. O pensamento vai divagar novamente, mas traga a consciência para a vivência.
Comer, pensando no que está comendo. Beber, pensando no que está bebendo. Tomar banho com a mente testemunhando a água tocando o corpo, passando o sabonete.
Se está com alguém, se dedique a esse encontro com essa pessoa. Busque estar inteiramente presente.
Como disse o filósofo grego Aristóteles: “Nós nos transformamos naquilo que praticamos com frequência. A perfeição, portanto, não é um ato isolado. É um hábito.” Aquilo que praticamos nos fortalece.
Não precisamos buscar a perfeição, até porque não é possível, mas sim o aperfeiçoamento para que se torne um hábito.
A meditação é uma ferramenta poderosa de mindfulness. Existem diversas formas, e é possível, com orientação, qualquer pessoa conseguir.
O exercício do mindfulness faz com que sejamos menos reativos, por estarmos mais tranquilos e termos mais “tempo” para encontrar a melhor e mais adequada resposta a situação.
As pesquisas em neurociências têm demonstrado que esse modo de funcionar possibilita o surgimento de novos caminhos neurais, facilitando a empatia e a compaixão.
Experimente!
Paz e bem!
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.