A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou, em julho de 2021, que o confinamento imposto pela pandemia de Covid-19 e os reflexos da crise na saúde e na economia terão um “impacto prolongado” na saúde mental mundial.
Com o passar do tempo, especialistas identificaram e definiram como “Covid longa”, “Covid-19 pós-aguda” ou "síndrome pós-Covid" uma doença pós-viral que se mostrou prevalente, além do que se esperava, caracterizada por um conjunto de sintomas que continuam por semanas ou meses. Entre estes: falta de ar, fadiga, dor de cabeça, perda de olfato e paladar.
Além das repercussões no corpo físico, o psicológico também foi muito afetado. Não existe separação real entre físico e psíquico. Ela é apenas didática. Tudo que afeta o físico repercute no psíquico e vice-versa.
Entre as sequelas psicológicas identificadas nos pacientes comprometidos por essa síndrome destacam-se ansiedade, angústia, insônia, depressão e transtornos de estresse pós-traumático.
Tanto pessoas que tiveram Covid-19 grave quanto leve podem apresentar a síndrome. Pacientes com antecedentes psiquiátricos tiveram agravamento das doenças já existentes.
Desde o início da pandemia, inúmeras pessoas foram e ainda estão sendo afetadas pelo medo. Muitos sofrem pelo que possa vir a acontecer. E que na maioria das vezes nem acontece, mas sofrem.
Alegria, raiva, tristeza e medo são emoções básicas que todo ser humano saudável naturalmente sente. Quando o medo é hiper dimensionado, gera diversas consequências negativas. Em especial, contribui significativamente para desencadear transtornos de ansiedade e depressão.
De forma mais leve, mas também trazendo sofrimento, esse medo constante da contaminação do vírus gera angústia e insônia.
De uma hora para outra, fomos forçados a viver na clausura, distantes de entes queridos. Impedidos de ir e vir e de usufruirmos da liberdade que estamos habituados a ter. O isolamento por si só é imensamente estressante e desafiador.
Mesmo agora, onde os números de infectados está diminuindo consideravelmente (mas ainda estamos na pandemia e isso requer cuidados de todos nós), muitas são as pessoas que estão com dificuldade na readaptação a na convivência social mais ampla. Especialmente aqueles que foram internados por conta da Covid.
Para alguns, o medo de sair de casa para um restaurante, um barzinho ou até um encontro com amigos e ser contaminado e de contaminar familiares traz aflição. Medo imaginário e culpa antecipada se destacam e acaba levando a pessoa a desistir da “saída”. E quando sai, muitas vezes chega a ter pesadelos com reinfecção, hospitalização, doença e morte.
O medo da Covid se juntou a outros medos já existentes. Potencializando-os, aumenta o nível da ansiedade e consequentemente a queda do humor. Muitas pessoas precisarão usar de recursos medicamentosos para ajudá-los a superar essa situação. Mas, só isso não resolve.
Acredito que, diante de tudo que vivemos nestes 18 meses tão desafiadores, ficou claro que precisamos cuidar da nossa “cabeça”, do nosso mundo íntimo. Sozinhos e/ou com ajuda profissional, investir no autoconhecimento é fundamental para fortalecer a identidade e acabar com os fantasmas que nos limitam e empobrecem o nosso viver.
Se você está se identificando com esse quadro, respeite seus limites! Não se cobre demais, mas também não se acomode. É necessário paciência consigo mesmo, um passo de cada vez, por menor que seja.
Compreensão, acolhimento e apoio para com quer que esteja se sentindo assim. Se não estiver conseguindo sair dessa sozinho, procure ajuda. Tudo passa e isso também passará. Confie!
Paz e bem!
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.