O torcedor do Fortaleza está na bronca. Cinco jogos sem vencer. Para um time que encantou, tal situação é inaceitável. O Leão ainda é o terceiro colocado, mas poderá perder posições para o Bragantino e Flamengo. O comentarista Wilton Bezerra detectou um possível declínio tricolor. Mas a sua análise foi tão prudente que tive dúvida sobre as suas próprias convicções. Afinal, a tão celebrada competência do Leão está ou não comprometida? Ou tudo foi produto da sorte? Resposta simples. A sorte jamais produz êxito continuado. A sorte é pontual e passageira. A competência é produto de ação articulada, continuada, obtida pela elevada qualidade e confiança do grupo. O Leão entrava em campo já senhor do jogo. E ia para cima. E ganhava. Mas há cinco jogos não vence. Entretanto, em dois desses cinco jogos deixou de ganhar por desperdício de pênaltis. Exatamente daí veio o título da coluna: “Nada de viagem de volta”. Prefiro entender o caso como oscilação, não como declínio. São coisas parecidas, mas diferentes. Oscilação é quando o time sobe e desce. Declínio é uma descida permanente em queda livre. Não percebo o Fortaleza assim. Só nos próximos jogos será possível definitiva avaliação.
É muito comum um time oscilar quando o certame é de longa duração. Vários fatores podem contribuir para que tal aconteça. Um deles e talvez o principal seja o efeito da visibilidade. O time que encanta passa a ser bem mais estudado pelos adversários. Daí fica mais fácil neutralizar os pontos fortes e atacar os pontos vulneráveis. É o que deve estar acontecendo.
Como falar em viagem de volta se a equipe ocupa a terceira posição do Brasil? Não há elementos agora para sustentar tal argumento. Viagem de volta é caracterizada por uma queda livre, visível, ostensiva, numa sequência interminável e rápida de perda de posições. Isso não está acontecendo. Às vezes é preciso pisar no freio como forma prudente para reorganizar a casa.
Vem aí o Ceará de Tiago Nunes. Como os treinamentos não são públicos, fica difícil saber o que pretende o novo treinador. Falam em muitas mexidas. Sim, mas que mexidas? Há muito de especulação e pouco de realidade. De qualquer maneira, preparem-se para tudo, ou seja, mudanças radicais ou mudanças apenas pontuais. Essas me parecem mais sensatas.
Anderson Batatais, novo técnico coral, tem experiência. Acompanhei seu trabalho mais de perto, quando ele foi auxiliar de Dimas Filgueiras no Ceará. Faz alguns anos. Depois, teve boa passagem pelo próprio Ferroviário. É um profissional muito dedicado. Tem amplas condições de dar uma sacudida no time coral nestas três rodadas que faltam. Boa sorte, Batatais.