Esquisitas reações das torcidas organizadas

Leia a Coluna desta segunda-feira (27)

Escrito por
Tom Barros tom.barros@svm.com.br
Legenda: As torcidas organizadas do Fortaleza brigaram entre si na arquibancada do Domingão, provocando tumulto
Foto: KID JUNIOR / SVM

Hoje, o Fortaleza volta a campo. Cumprirá o jogo atrasado da primeira rodada. No Estádio Presidente Vargas, enfrentará o Cariri. No sábado, o Leão passou fácil pelo Horizonte, no Domingão. O elenco do Leão é muito superior. Praticamente o mesmo grupo vem de outros carnavais. 

Não fica no futebol o foco das preocupações. Há uma situação desconfortável na família tricolor: as desavenças entre torcidas organizadas do mesmo time. É algo estranho. O que há por trás desses interesses escusos? Somente o serviço de inteligência da Polícia pode descobrir o que há de podre na questão. 

É um mistério que precisa ser desvendado. Em todo lugar do mundo, as torcidas organizadas se mostram unidas pelo mesmo sentimento de amor ao clube. São alimentadas pelo mesmo ideal, pelo mesmo objetivo, pelas mesmas ações de apoio, dentro e fora do estádio. 

Custa acreditar que um dia eu veria o que estou vendo agora: agressões entre torcedores do mesmo time. Se não é admissível agressão física de qualquer natureza, calculem entre gente que diz ter o mesmo credo... 

 

Outros tempos 

 

Amigos, há 77 anos moro na mesma casa, pertinho do PV. Desde a década de 1950, acompanho a passagem das torcidas na direção do Estádio Presidente Vargas. Os torcedores das equipes adversárias chegavam e voltavam juntos, sem qualquer problema. Gente civilizada. 

 

“Deixa disso” 

 

As torcidas não eram separadas nem dentro do estádio nem fora do estádio. Não havia confusão. Se por acaso houvesse algum desentendimento, nem era preciso chamar o policiamento. A turma do “deixa disso” cuidava de separar os mais exaltados. E, em poucos instantes, tudo estava novamente numa boa. 

 

“Morena”  

Na década de 1960, o senhor Valter Filgueiras, de saudosa memória, foi quem, no futebol cearense, criou a primeira torcida organizada: a “Morena”, torcida do Ceará. Um exemplo de torcida pacata. Havia também a “Charanga do Gumercindo”, que comandava a torcida do Fortaleza. Outro exemplo de paz. 

 

Origem 

 

Não sei quando começou o novo modelo de “torcida organizada”. Na origem, o objetivo era bom: incentivar o clube, ornamentar os estádios e apoiar na hora dos jogos. Quando as “organizadas” cresceram demais, as infiltrações geraram a violência. O descontrole levou a perigosas situações. 

 

Confrontos 

 

O objetivo das “organizadas” foi desvirtuado. Gerou grupos que entram em confrontos violentos, ora dentro dos estádios, ora nas ruas, praças e avenidas. Quantas pessoas já morreram em razão disso, aqui e em todos os estados do Brasil. É lamentável o que está acontecendo. E, aparentemente, sem solução.

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