Decepção em dose dupla

Confira a coluna de Tom Barros

Foto: Thiago Gadelha

Os torcedores do Ceará e do Fortaleza sabiam que, respectivamente, as dificuldades seriam enormes diante do Atlético-MG e do Flamengo. Mas, nos esconderijos da alma, há sempre uma esperança de resultado animador. O empate da Chapecoense com o Atlético e o empate do Bragantino com o Flamengo, na rodada anterior, deram força à crença de que os nossos representantes poderiam no mínimo alcançar o empate em seus compromissos. O primeiro a entrar para o sacrifício foi o Ceará. E, por mais paradoxal que pareça, exatamente quando o Atlético criava embaraços com as boas jogadas de Keno, eis que Clebão construiu a melhor chance que Vina desperdiçou. Pronto. O Ceará acabou aí. Na resposta, o gol de Hulk. E o Atlético tomou conta do jogo (3 x 1). Aí o Fortaleza também entrou para o Sacrifício. Segurou o primeiro tempo, onde o Flamengo foi melhor. Na fase final, em seis minutos, Pedro e Michael fuzilaram o Leão (0 x 3). Tamanho o domínio, que colocou o Fortaleza na roda. Procurei o Fortaleza que eu vi na vitória sobre o Fluminense no Maracanã. Achei o Fortaleza que, num apagão semelhante, perdeu para o Bahia em Salvador. O Flamengo nem precisou de Isla, Arrascaeta, Everton Ribeiro e Gabigol. 

Discussão 

Volta o tema sobre o Fortaleza: declínio ou oscilação? Eu havia solicitado o prazo de dois jogos para melhor avaliar a nova fase do Leão no returno. No primeiro, no Maracanã, o Fortaleza foi vitorioso e festejado. No segundo, no Castelão, o Fortaleza sumido, apagado. Não sei mais como qualificar esse vaivém que enche de incertezas o futuro tricolor. 

Apagões 

Em alguns jogos a defesa do Fortaleza se desliga. Os jogadores perdem o poder de comunicação. Sofrem uma demência como aqueles senhores de idade avançada que já não estão ligando pé com cabeça. Cito dois exemplos anteriores. Na derrota para o Bahia (4 x 2), a defesa entregou. Ontem entregou de novo. O time sai do ar por alguns instantes. Quando volta, não tem mais jeito. 

Reclamações 

O Ceará jogou mal em Belo Horizonte. O Atlético venceu merecidamente. Mas procedem as reclamações do Ceará em dois dos três gols sofridos. No primeiro, o árbitro deixou passar falta de Jair em Geovani, originando daí o gol de Hulk. No segundo, não houve Jair em Hulk. Na minha avaliação não houve o pênalti, que Hulk converteu no segundo gol. 

Resultado 

Independente desses lances polêmicos, o Ceará em nenhum momento soube se impor. O Atlético foi melhor do começo ao fim. Igor, Geovane, Lima e Airton podem jogar muito mais. Ficaram devendo. Desfez-se a evolução que o Ceará mostrou no jogo anterior. É uma espécie de começar tudo de novo nas mãos do próprio Tiago Nunes. Inquietante situação.