Não há clássico Ceará X Fortaleza que não mexa com a saudade. Quanto mais o tempo passa, mais vivos na lembrança os clássicos dos meus tempos de criança e adolescência no PV. Ídolos que já partiram. E ficaram. Narradores que já partiram. E ficaram. Na entrada do Estádio Presidente Vargas há fotos antigas, restauradas, que me levam às décadas de 1950 e 1960. Aí extraio também de minha memória lances que ficaram como vídeos nítidos. É como se eu estivesse vivendo tudo outra vez. Então me pego na solidão das lembranças e relembranças. Vejo o goleiro Ivan Roriz, ídolo do Ceará, com o uniforme todo preto, número um nas costas. Vejo o goleiro Aloísio II, apelidado de verdureiro, dando imponência à meta do Fortaleza. Como entrar no PV desse tempo sem revisitar as obras imortais de Gildo e Croinha com as camisas número 9, respectivamente, de Ceará e Fortaleza. Como revisitar o PV desse tempo, sem a memória de Zé Paulo e Alexandre Nepomuceno, dois excepcionais zagueiros. Clássico não tem princípio nem fim. Nasceu sem data marcada e não tem data para terminar. É uma continuação permanente, com atores que se multiplicam ano após ano. Hoje, Wellington Paulista e Clebão. Amanhã, só Deus sabe...
Disputa especial
Guto Ferreira de um lado. Juan Pablo Vojvoda do outro. Nos números estatísticos, há ampla vantagem do argentino. Certamente, isso já incomoda o treinador alvinegro. Mas a vida não é feita apenas de contagem assim. Não há como deixar de lado a movimentação tática de cada partida. É exatamente aí onde se trava a disputa dos comandantes.
Juízo
Wellington Paulista é um veterano que faz da experiência uma arma poderosa nos caminhos da finalização. Ele não sabe onde as andorinhas dormem. Sabe onde ficam acordadas, de olhos arregalados, à espera do momento do gol. Deixou de lado o saçaricar nas cobranças de pênalti. Com o saçaricar, perdeu dois pênaltis num só jogo. Sem o saçaricar, fez dois gols no jogo passado. Logo...
É nos grandes clássicos que os jogadores se destacam. Clássico é a pavimentação que leva de ídolo a imortal o atleta. Vina está precisando de uma reafirmação. Hoje, questionado, precisa reencontrar o belo futebol que o fez amado e aplaudido pela torcida alvinegra. O melhor cenário para recomposição é o dos dias de clássico. Clodoaldo e Sérgio Alves souberam fazer isso muito bem.
Situação
O Fortaleza está numa fase de esplendor. Tem linhas mais definidas. Encontrou a automação que o faz superior. Entra em campo com autoridade. O Ceará faz boa campanha, mas tem ficado muito no empate, resultado enganoso e traiçoeiro. Ainda assim, mesmo com a superior postura do Leão, não há como falar em favorito. Clássico é uma história contada na hora, em tudo imprevisível.