Vamos fazer do Castelão uma Bombonera

Leia a coluna de Tom Barros

Há muito eu não via tanta movimentação em torno de um visitante, quanto a que está acontecendo agora com o Boca Juniors. É novidade. Tudo bem. Mas, a rigor, o Boca não é maior que um Flamengo, que um Corinthians, que um Palmeiras. Então, na minha avaliação, o Fortaleza tem boas condições de encará-lo, tal como enfrenta os grandes times brasileiros. É fato que o Boca está vindo de um excelente resultado pelo certame argentino. Ganhou do River. Mas aí é outra competição.

Com relação à Copa Sul-Americana, o Fortaleza está melhor. São dois pontos a mais que a pontuação do time argentino. Num clássico assim, costumo desvincular os jogos anteriores. Ninguém atua com a mente voltada para o que aconteceu, mas para o que irá acontecer. Quando a bola rola, toda a concentração fixa-se no presente. O Leão terá de fazer do Castelão a sua Bombonera. É assumir aqui a diferença que os argentinos sabem fazer muito bem em Buenos Aires. Nesta parte, o papel da pujante torcida tricolor será fundamental.  

Goleiro 

A fase que o Richard, goleiro do Ceará, está passando é excelente. Não me refiro apenas aos seguidos pênaltis que ele vem pegando. Refiro-me às suas intervenções gerais. Uma sequência de grandes defesas. Richard soube se impor no momento certo. Ganhou a posição por seus próprios méritos.  

Goleiro II 

João Ricardo, goleiro do Fortaleza, também está vivendo uma fase excepcional. Igualmente pegador de pênaltis, ele há muito tem feito a parte que lhe cabe. Foi assim na decisão da Copa Sul-Americana. Foi assim na decisão do Campeonato Cearense. Também tem uma sequência de notáveis defesas. 

Aproveitamento 

Sempre gostei da forma de atuar do atacante Renato Kayzer. Entendo que o comando técnico tricolor não soube utilizá-lo quando de sua primeira estada aqui. Isso gerou a insatisfação que culminou com seu empréstimo ao Criciúma. Agora, de volta, certamente terá as merecidas oportunidades. Qualidades ele tem. 

Corrupção 

CPI no Senado para apurar possíveis manipulações de resultados no futebol brasileiro. As denúncias do empresário norte-americano, John Textor, repercutiram muito. A pergunta é: trará resultados concretos contra a corrupção ou será mais uma ação que terminará na lata do lixo? 

Desilusão 

Tenho muitas razões para desacreditar no combate à corrupção no Brasil. Em 1961, vi Jânio Quadros assumir a presidência da República, tendo por símbolo a vassoura para varrer a corrução. Renunciou. Pulou fora. Hoje, 63 anos depois, a ladainha é a mesma: denúncia de corrupção eternizada.