Os riscos na 'virada da montanha'

Quem perde o fôlego, se não tiver um elenco pronto para rotatividade sem queda de qualidade, poderá entrar em definitivo declínio

A Série A chega à última rodada da primeira volta. Dizem que essa é etapa para acumular gordura. No returno, há uma série de fatores que entram em ação, provocando mudanças significativas no rumo das equipes. Há times que fazem bela campanha no turno, mas desabam no returno. E a recíproca é verdadeira. Quem perde o fôlego, se não tiver um elenco pronto para rotatividade sem queda de qualidade, poderá entrar em definitivo declínio. Isso acontece demais. Sobre Ceará e Fortaleza, quero crer que estão preparados para o repuxo.

No ano passado, o Fortaleza passou por situação assim. Desonerou na reta final e sofreu com a ameaça de rebaixamento. Escapou por uma posição (foi o 16º), com o mesmo número de pontos do primeiro rebaixado, o Vasco da Gama (41 pontos). O Ceará também passou por vexame assim em 2019. O Vozão ficou em 16º lugar. Escapou por uma posição, mas com três pontos a mais que o primeiro rebaixado, o Cruzeiro (17º, 36 pontos). Pelo desempenho do Fortaleza e do Ceará até agora, penso que haverá condições para seguir em frente, sem contratempos. Mas terão de agir rápido aos primeiros indicativos de aproximação da zona maldita.

Cansaço

É notório o comprometimento do desempenho na reta final das temporadas. É assim aqui no Brasil. É assim também até na Europa, onde a preparação física me parece mais aperfeiçoada. O homem não é máquina de ferro. Há também o desgaste espiritual. Há necessidade do recolhimento interior. O corpo pede sossego. É comum. É aí onde muitas equipes sucumbem.

Exemplo 

No ano passado, Vina fez um trabalho excepcional. Jogou muito. Foi eleito para a seleção do ano da Série A. E teve seu nome lembrado até para a Seleção Brasileira. Entretanto, nas últimas rodadas já vinha administrando a condição física, que não mais parecia ideal. E só agora se mostra numa evolução animadora.

Os empates 

Não ganhou, mas não perdeu. Pense num resultado enganador, o empate. Quando a vitória valia dois pontos, o empate até que não era de todo ruim. Depois que a vitória passou a valer três pontos, o empate, em determinadas circunstâncias, pode ser equiparado à derrota. É que, não raro, a sequência de empates também leva à zona maldita.

Contagem 

O alerta contra a sequência de empates está na contagem simples: a cada empate, é preciso analisar o que você deixou de ganhar, não o que você ganhou. A rigor, o time fatura um ponto. E se ilude com isso. Mas esquece que deixou de ganhar mais dois. Daí ser enganador porque permite que os adversários, mesmo com poucas vitórias, passem adiante.