O primeiro ídolo olímpico brasileiro

Leia a coluna de Tom Barros

Antes de Garrincha e Pelé deslumbrarem o mundo, conquistando para o Brasil a Copa de 1958 na Suécia, um outro brasileiro, oito anos antes, já havia conquistado os aplausos do mundo. Refiro-me a Adhemar Ferreira da Silva, vencedor do salto triplo na Olimpíada de Helsinque, na Finlândia, com a marca recorde de 16,22.   

Adhemar foi mais longe. Em 1956, dois anos antes de o futebol brasileiro conseguir a consagração na Suécia, Adhemar voltou a assombrar o mundo. Sagrou-se bicampeão no salto triplo na Olimpíada de Melbourne, na Austrália, com a marca de 16,35.   

Tornou-se então o maior ídolo brasileiro. Somente dois anos depois, em 1958, foi que o Brasil se mostraria detentor do melhor futebol do mundo. Ganhou a Copa da Suécia, revelando os geniais Garrincha e Pelé. Aí Adhemar Ferreira da Silva saiu um pouco da mídia. Em 1960, em Roma, doente, não conseguiu êxito.   

 Adhemar Ferreira da Silva morreu no Hospital Santa Isabel, em São Paulo, no dia 12 de janeiro de 2001. Ele estava com 73 anos de idade. Foi uma das maiores glórias do atletismo brasileiro em todos os tempos.  

Primeiro ouro  

Em 1920, na Olimpíada da Bélgica, o Brasil conquistou suas primeiras medalhas olímpicas, todas na modalidade Tiro Esportivo. Guilherme Paraense ganhou a prova. Foi ouro. Afrânio da Costa foi prata. E, na disputa por equipes, o Brasil foi bronze. Entretanto, mesmo sendo ouro, Guilherme Paraense não se tornou ídolo nacional. Adhemar foi o primeiro ídolo mesmo.  

Centros de excelência  

O Brasil sempre teve suas limitações em Olimpíadas. Nos últimos tempos, melhorou substancialmente a sua participação. Já não sei quantos atletas brasileiros subiram ao topo do pódio. Hoje, a preparação já merece um cuidado especial. Os Centros de Excelência preparam melhor os brasileiros para as disputas.  

Futebol  

A verdade é que o futebol, por ser a paixão nacional, conserva um pouco melhor a memória dos nomes de seus ídolos. Nos esportes olímpicos, mesmo os que conquistaram medalha de ouro, não permanecem em cartaz por muito tempo. Por isso, em uma conversa recente, descobri como poucos sabem os nomes dos vencedores olímpicos. É incrível.  

Esquecimento  

A memória nacional é curta. Mesmo no futebol, a torcida já não consegue decorar os nomes dos campeões mundiais. Perguntei a alguns amigos sobre a formação completa do Brasil na decisão do título mundial de 2002, diante da Alemanha, no Japão. Ninguém acertou. Eu mesmo tive de recorrer ao Google para lembrar.    

Glórias  

Vários brasileiros, certamente, ganharão a medalha de ouro na Olimpíada de Paris no próximo mês. Voltarão para casa orgulhosos, já pelo dever cumprido. Receberão a cobertura da mídia. Aplausos. Glórias. Apoteose. Pouco tempo depois, a vida voltará ao normal. Mas suas marcas ficarão gravadas nos anais da história.