O milagre da blindagem em Porangabussu

Leia a coluna de Tom Barros

Eu tenho uma dúvida: será possível separar o time do Ceará, levantando-se uma barreira para que o grupo de jogadores não sofra as influências negativas das graves divergências existentes na cúpula? Há quem diga que isso é possível. Não sei. Não consigo opinar com segurança. 

Acho difícil uma coisa não ter influência na outra. Os jogadores e a comissão técnica têm acesso às imagens do que aconteceu na Assembleia Geral. Cenas nada condizentes com o alto nível que se quer dentro de um clube de futebol da importância do Ceará. Será que os jogadores conseguem ficar alheios a tudo o que se passa nas salas do alto comando? 

Seria interessante se conseguissem a serenidade necessária para o desempenho de suas funções, indiferentes ao que rola na luta pelo poder? Mas acho muito difícil. Queira Deus que tal separação aconteça na prática. E que o time alcance o milagre da blindagem.  

Melhor seria um clima de paz. Esse, sim, ideal para quem está numa disputa complicada como a Série B. Mas, no momento, pela exacerbação da disputa interna, só mesmo um outro milagre para unir gente tão raivosa. 

Não entendo 

Não sei a razão pela qual as disputas internas no Ceará alcançaram tão elevado grau de agressão e desrespeito. Como podem se autoproclamar amantes do Ceará pessoas que o prejudicam ostensivamente em palavras e obras? A intolerância e o ódio nada têm a ver com amor. 

Falsos profetas 

Estará esta gente raivosa colocando os interesses do Ceará acima de seus próprios interesses? Está aí uma questão de alta indagação. Ou está dando prioridade aos seus próprios interesses em detrimento dos interesses do clube? Olho vivo! É preciso fazer a separação entre os bem-intencionados e os falsos profetas. 

União 

Insisto na pregação de que somente a união resolverá os problemas internos do Ceará. Muitas vezes, interesses escusos impedem que a harmonia se estabeleça. Não raro, projetos pessoais estão embutidos na postura de quem disfarça, dando a entender que predomina o amor pelo clube. Por trás, há seus próprios interesses. 

Abnegados 

O Ceará já teve presidentes abnegados, que deram tudo de si pelo clube, inclusive com dotações financeiras. Dirigentes que amaram realmente o clube, sem nenhum outro interesse que não apenas o de ver a equipe conquistar glórias e títulos. Gente que se doava de verdade. 

Raro 

Ainda há dirigente que se doa ao clube. Mas, pelo visto, faz parte de um grupo quase em extinção. O clube é uma vitrine, que se ampliou na medida em que as transmissões ao vivo deram grande visibilidade. Aí cresceu a vaidade humana. E, com a vaidade, outras qualidades danosas. Está difícil separar o joio do trigo.