O futebol e o calendário da escravidão

Leia a Coluna desta sexta-feira (2)

Escrito por
Tom Barros tom.barros@svm.com.br

Janeiro chegou. E com janeiro chegaram também as preocupações relativas aos compromissos do futebol cearense nas diversas competições. O Fortaleza terá de encarar o Campeonato Cearense, a Copa do Nordeste, a Copa do Brasil, a Série Nacional e a Copa Libertadores da América.  

O Ceará terá uma competição a menos. O Vozão participará do Campeonato Cearense, da Copa do Nordeste, da Copa do Brasil e da Série A Nacional. São muitas responsabilidades em um calendário que continua massacrante. Mais massacrante ainda para o Fortaleza que terá uma competição a mais. 

Diante de tantos interesses financeiros, as autoridades esportivas não conseguem alterar para melhor o calendário futebolístico brasileiro. Ninguém renuncia a nada. Pouco importa se vão estourar os atletas. Tratam os jogadores como se fossem máquinas. Um absurdo. Uma escravidão velada e inaceitável.  

 

Exceção 

 

Quando falo em escravidão dos jogadores de futebol, logo sou criticado. Entendo. Os críticos questionam: como escravos, se ganham os tubos de dinheiro? Mas aqui faço uma diferença entre os jogadores comuns e os astros. Os tubos de dinheiro somente as celebridades ganham. 

 

Carga de trabalho 

 

Quando uso a palavra escravidão, refiro-me à carga de trabalho. Os jogadores são submetidos a exercícios pesados na preparação. São submetidos a todo tipo de pressão antes, durante e depois dos jogos. Um desgaste físico, mental e emocional que nenhuma outra profissão tem. 

 

Dinheiro 

 

Sei que na parte financeira não há como chamar de escravo os jogadores de futebol. A maioria ganha bem. Entretanto, há salários pequenos nas categorias inferiores. Há jogadores de futebol que vivem no limite. Não é todo jogador de futebol que ganha bem. É preciso que fique bem claro. 

 

Profissão 

 

Há um detalhe interessante que merece destaque: o jogador de futebol tem atividade profissional limitada. Poucos chegam a 20 anos de profissão. A maioria encerra a carreira na faixa de 16 a 18 anos de atividade. Então, há pouco tempo para fazer o pé-de-meia.  

 

Consequências 

 

Pouco se fala nas consequências que tais esforços continuados provocam na saúde dos atletas, máxime quando estes encerram suas carreiras profissionais. Certamente, os esportes de alta performance têm um preço. Não sei se há estudos a respeito disso. Está aí um tema para reflexão.