Novo calendário para o futebol brasileiro

É sabido que no Brasil as competições, paralelas ou não, em número elevado, estão levando à exaustão os jogadores de futebol. Campeonatos estaduais, Copa do Nordeste, Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro nas quatro séries, Taça Fares Lopes... No fim do ano, os jogadores acusam terrível esgotamento. E não poderia ser diferente. É puxado. Muito puxado. Agora, com os trabalhos paralisados em razão da pandemia do novo coronavírus, abre-se a expectativa para se saber como será feita a acomodação de tantas disputas. Aí haverá a necessidade da multiplicação das datas como o milagre da multiplicação dos pães. Pelo visto, no ritmo da curva que mede o aumento ou não da contaminação da peste, haverá ainda a continuidade do confinamento. Certamente, quando autorizado o retorno, haverá uma festa. Aliás, uma festa tipo a dos alunos na volta depois das férias. Tenho a impressão de que só mesmo um novo calendário abrigará os anseios gerais. Um calendário dirigido e racional. Com ou sem torcida nos estádios? Levando-se em conta tudo o que está sendo explicitado, creio que sem torcida. Ainda assim, menos mal.

Lotação

Vejam como a vida terá de mudar depois dessa "Guerra dos Morcegos". Sim, porque disseram que tudo começou com a turma que se alimentava de morcego lá para as bandas da China. Se verdade ou não, taí algo difícil de afirmar. Verdade, porém, é que tão cedo não verei estádios superlotados.

Público

O plantonista da Verdinha, Luís Eduardo, pediu-me uma saudação pelos 108 anos do Santos. Na pesquisa, vi que, em 1963, no Maracanã, nos dois jogos da decisão do Mundial de Clubes diante do Milan, da Itália, houve público de 132.728 torcedores no primeiro jogo (Santos 4 x 2) e de 120.421 no segundo jogo (Santos 1 x 0).

Nunca mais

Não é só pelo novo coronavírus que nunca mais teremos público assim. É que diminuíram os estádios brasileiros. O Maracanã, antes da reforma para a Copa do Mundo de 2014, era o maior estádio do mundo. Depois da reforma, virou uma praça esportiva como outra qualquer com capacidade inferior a 80 mil torcedores. Absurdo.

Agora, com tantas restrições motivadas pela peste, tão cedo o Castelão não abrirá seus portões ao público. Teremos, pois, de nos acostumar com os estádios vazios, por uns tempos sem as ornamentações que culminaram com belos painéis e mosaicos feitos com capricho pelos torcedores.

Dezenas de estádios de futebol, construídos para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil, têm capacidade abaixo de 70 mil lugares. A Arena Castelão, aqui em Fortaleza, que já recebeu um público superior a 120 mil pessoas na década de 1980, hoje não passa de 60 mil torcedores. Encolheu, dizem, em nome da segurança.