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Luz sobre o Horizonte

O Horizonte é motivo de orgulho para todos nós. A força moral desse grupo tem de ser enaltecida. De uma cidade simples da região metropolitana de Fortaleza, poderia se sentir inferiorizado diante de paulistas e cariocas. Nada disso. Enfrentou o Guarani em São Paulo e lá mesmo o despachou. Enfrentou o Flamengo no Rio de Janeiro e soube se impor com altivez e competência. No Engenhão, os toques de bola e troca de passes na reta final, quando cuidou de gastar o tempo e segurar o empate, revelaram um conjunto maduro, sabedor do que é capaz de fazer. De Alex a Siloé, uma só consciência, um só sentimento, um único pensar. O futebol solidário. Nada de estrelas isoladas ou de astro a querer brilhar sozinho. No Horizonte, a vitória é de todos, o empate é de todos, a derrota é de todos. Numa filosofia assim, o êxito é regra; o insucesso, exceção.

Estratégia

Admirável a postura do técnico Roberto Carlos, do Horizonte. Logo no início de sua função de treinador titular, viu-se chamado a sérios desafios. Diante do Flamengo, teve do outro lado o famoso Wanderley Luxemburgo. O ar professoral e a pose do treinador flamenguista davam a impressão de que Luxa seria o sabedor de tudo, enquanto Roberto sabedor de nada. Mas, no campo, Roberto deu um nó na pretensão de Luxa, que ficou só com a pose. Roberto, com a vantagem.

Pesadelo

O Fortaleza está vendo sumir nas brumas da incerteza o sonho do penta. A rigor, virou pesadelo. A ideia do técnico Ferdinando Teixeira, lotando a meia-cancha, tinha razão de ser. Mas precisaria de tempo para alcançar a sintonia fina. A derrota para o Crato foi o reflexo natural de um time que não conseguiu se impor durante todo o certame. Viveu na oscilação, padeceu na humilhação e quedou na prostração. Agora, só mesmo um milagre. A própria entrevista de Ferdinando, após o jogo, era a imagem do desânimo. Quando o objetivo depende de terceiros, fugindo do seu controle, a descrença ganha mais espaço e vai deixando de lado a esperança, mesmo sendo esta a última que morre.

Motivos de sobra para sorrir

Siloé, o lourinho que atormentou a defesa do Flamengo; Valter, o volante que fez bonito na contenção de Ronaldinho e companhia. Justo motivo de alegria pelo êxito conseguido no Engenhão. O jovem Siloé tem tudo para alcançar êxito nacional: é veloz, dribla com facilidade e sabe concluir muito bem. Que, no jogo de volta, Siloé repita o show.

Observações

O Guarani de Juazeiro vai agora para sua segunda prova de fogo porque garantido na semifinal do returno. Na semifinal do primeiro turno, o Guarani perdeu para o Fortaleza (2 x 0) porque errou feio ao mudar a maneira de jogar. Abandonou o estilo para frente, trocando-o por um fechado. Deu-se mal. Agora, quero crer, Júlio Araújo, conservará a natural vocação do time por ele dirigido. Aí suas chances de chegar à decisão do certame serão maiores.

Notas & notas

Treinadores que não levaram sorte nas mudança de equipe: Flávio Araújo, do Icasa para o Fortaleza; Filinto Holanda do Horizonte para o Ferroviário. Sofreram nos clubes pelos quais optaram e acabaram demitidos. /// Roberto Carlos, que herdou de Filinto o Horizonte, melhorou o time ainda mais. /// Uma bela atuação que faço questão de registrar aqui: a do goleiro Alex, do Horizonte, no empate com o Flamengo no Engenhão.

Recordando

Década de 1990. Comissão técnica do Ferroviário. A partir da esquerda: Zé Maria Paiva, Mário César e o técnico César Moraes, o Guri. Faz tempo não vejo César Moraes que foi jogador brilhante e técnico competente. César ganhou muitos títulos no Ceará, Fortaleza e Ferroviário. Também ganhou muitos títulos por Remo e Paysandu no Pará. Dele a famosa frase: "Se seu time está na UTI, é só chamar o Guri.