Primeira parte
O Fortaleza teve tudo para vencer sem problemas. Mas teve problemas. Embora apenas com atuação regular, controlou a primeira fase e conseguiu abrir 2 a 0, com gols de Finazzi e Regis, ambos de cabeça. Imaginei que o Leão golearia. Chances teve. Mas não goleou. O São Raimundo deu suas beliscadas. Numa delas, Daniel meteu bola na trave. Recado dado. Na fase final, a situação complicou. O Leão perdeu Régis (expulso). O São Raimundo cresceu com Flamel. Foi para cima e encostou o Fortaleza. Paulo Rangel mostrou sua importância: fez várias conclusões perigosas. Douglas apareceu exatamente aí com belas defesas. Numa delas, pegou a bola em fulminante cabeçada de Rangel. Mas este, de tanto insistir, diminuiu (2 a 1). O Fortaleza, após desperdiçar três momentos para matar o jogo, acabou se segurando com Júlio Terceiro. Deus meu...
Tem crédito
Não era dia de Paulo Isidoro. Fez boa partida. Entretanto, na hora da definição, que muita gente chama de "matar o jogo", Paulo não conseguiu fazer o que ele normalmente faz com simplicidade e competência. No primeiro tempo, foi autor do mais bonito lance: na área, driblou três zagueiros e, na cara do gol, mandou a bola para fora. Na fase final, algo incrível: em duas conclusões seguidas, desperdiçou o que seria o gol da tranquilidade. Ainda assim, Isidoro tem crédito.
Observações
O destaque foi o goleiro de apelido estranho: Labilá. Protagonizou três defesas em série, mostrando grande reflexo, em conclusões de Paulo Isidoro (duas vezes) e Eder. /// Régis estava bem, mas deu bobeira ao receber "amarelo" por reclamação. Foi o caminho para a expulsão. Cartão perfeitamente evitável. Não custa nada um pito, pois deixou em dificuldade os companheiros. /// Jeff Silva entrou bem no lugar de Guto que, contundido, pediu para sair. /// Bismarck entrou meio dispersivo. /// Só entendi a substituição de Danilo Portugal em razão do "amarelo" que já havia recebido. /// Fortaleza fez a primeira parte: ganhou três pontos. Mas só completará a lição se ganhar também do Rio Branco.
Força interior. E superior
Washington vinha sofrendo pressão porque seus gols tinham sumido. No sábado, fez as pazes com o que a galera mais queria: um gol de bela feitura. Aí, quando imaginou que havia espantado os fantasmas, eis que contusão o tirou da luta. Há momentos na vida em que o atleta precisa de força interior e superior para superar os problemas. Boa sorte, Washington.
Relacionamento
A torcida imaginou que, com a chegada de Mário Sérgio, o Ceará permaneceria com sua defesa consistente e passaria a ter postura ofensiva confiável. Como o torcedor exige resultado imediato e não o está vendo, as manifestações de protesto aconteceram. O relacionamento ficou tenso. Interlocutores habilidosos devem operar, visando a um melhor diálogo da comissão técnica com a torcida e com a imprensa. Há visíveis ojerizas.
Notas & notas
Hoje, o querido Dilson Pinheiro reúne familiares e amigos em oração pela alma de sua inesquecível esposa, Nicinha. Missa da esperança às 19 horas na Igreja de Santa Luzia. Ao Dilson e família, meus sentimentos. /// O maior desafio de Mário Sérgio: fazer o Ceará ofensivo sem desmontar o perfeito sistema de marcação deixado por PC Gusmão. Até agora, porém, ele não tem conseguido. Daí a apreensão geral sobre o destino do Ceará.
Recordando
Bateu saudade. Taí Amilton Melo, inesquecível craque do futebol cearense. Por onde passou deixou a marca de seu talento. Nas décadas de 70/80, ganhou títulos estaduais pelo Ceará, Fortaleza, Ferroviário. No Atlético Mineiro também confirmou a qualidade excepcional de quem tinha especial infinidade com a bola. Amilton morreu moço demais. (Acervo de Jurandy Neves de Almeida).