Vaias de volta
Fazia tempo eu não via o Ceará vaiado no Castelão. Vi ontem. Nesta Série A, foram as primeiras dirigidas ao alvinegro. A festa de antes da Copa cede espaço a uma nova realidade: a viagem de volta. As vitórias sumiram. A tolerância do torcedor no limite. O empate com o lanterna Atlético (0 a 0) foi ruim para o dono da banca. O visitante fez um primeiro tempo contido. Deu apenas um chute a gol. O Ceará, mesmo sem jogar bem, dominou a fase inicial, mas errou conclusões com Misael, Washington e Careca. No segundo tempo, Estevam Soares mexeu certo: fez entrar Eric Flores. Depois, colocou Camilo no lugar de Misael (contundido). O Ceará cresceu. Ampliou o domínio. Quis mais com Clodoaldo. Mas esbarrou no defeito de sempre: erros de conclusão. A ausência de vitória virou tabu. E assim as vaias voltaram.
Segundo tempo
Tony pareceu meio perdido no primeiro tempo. Mas, na segunda fase, encontrou a posição ideal. Deu velocidade às saídas de bola ao ataque e criou boas situações. Dele um dos lances de maior perigo contra o Atlético/GO. Numa cobrança de falta, colocou a bola no ângulo. Ela ainda tocou na trave. De certa forma, justificou sua condição de titular. E abre novas perspectivas para os próximos jogos. Numa proposta tática mais ofensiva, Tony poderá oferecer boa contribuição, desde que jogue como no segundo tempo de ontem.
Anotações
O empate não satisfaz. Como tenho dito: é resultado enganador. Motivo simples: a rigor, o time deixa de ganhar dois pontos por jogo. E isso provoca a rápida aproximação e possível ultrapassagem dos que vêm atrás. /// O Atlético veio fechado, querendo o empate. Pouco incomodou. Só uma conclusão perigosa. Nada mais. Ainda assim o Ceará não ganhou. Incrível. Virou complexo. /// O passe de Clodoaldo para Ernandes foi genial pela rapidez e precisão. E Ernandes perdeu a chance. Inadmissível. /// Eric Flores fez a meia-cancha mais presente. Mas Eric precisa dar mais sequência, como fez o Tony. /// Camilo, que substituiu o contundido Misael, entrou bem. E deu ao técnico Estevam Soares a certeza de mais uma opção. Ficar atrás já não resolve: complica.
Equívoco e perdão
Desta vez o presidente do Fortaleza, Renan Vieira, errou. No jogo de sábado, quis conter gastos, reduzindo o número de bilheterias. Acabou tomando prejuízo. Diante dos percalços, torcedores desistiram e voltaram para casa. Renan pediu perdão. Tudo bem. Perdoado. Mas não pode mais cometer tamanho equívoco. Foi lamentável.
Posição
Não obstante mais um empate em casa, ainda vejo o Fortaleza com o controle da situação. Motivo: São Raimundo e Rio Branco estão apenas com dois pontos, cada. Verdade que o Leão tem dois jogos a mais. Entretanto, a qualidade dos concorrentes, exceto a do Paysandu, está muito baixa. Além disso, São Raimundo e Rio Branco jogarão aqui. De qualquer forma, o Leão não pode negligenciar nos próximos jogos, máxime em Belém, dia 22.
Goleada
Nada de detonar o Icasa pela goleada sofrida em Florianópolis (Figueirense, 5 a 1). Ceará e Fortaleza já passaram por vexames até maiores em competições nacionais. Faz parte. Mais que a goleada, incomoda mesmo é a ausência de vitórias. Já são quatro jogos sem vitória do Verdão. Isso fez a concorrência chegar perto. Vejam só: é de apenas dois pontos a diferença do Verdão para o Santo André, primeiro time da zona maldita. É preocupante.
Recordando
O zagueiro Djalma, que aí aparece com a camisa do Corinthians, marcou também sua passagem no futebol cearense, onde, na década de 80, brilhou no Ceará e no Ferroviário. O que mais impressionava neste zagueiro era a grande impulsão. Apesar de sua média estatura, dificilmente pedia bolas pelo alto. Não sei qual o destino dele, após encerrar a carreira.