Firmeza de propósitos
Dois dias após o fracasso do Brasil na Copa da África, já há como falar ou escrever sem a forte influência da emoção. A crítica, sim; a agressão, não. É admissível a manifestação contra Dunga; o desrespeito, jamais. Ele pode ter errado nas propostas e convicções, mas o fez com honestidade e firmeza de propósitos. Foi sincero e autêntico. Ele sabia das antipatias de alguns setores da imprensa, que tiveram interesses contrariados, e de técnicos que estavam na mídia à espera da unção. Mesmo assim, Dunga aceitou o desafio. Ganhou a Copa América, venceu a Copa das Confederações e, nas Eliminatórias, ganhou a vaga com quatro rodadas de antecedência. Nada disso, porém, reduziu a resistência dos que não o aceitavam no cargo. Dunga somente sobreviveria se ganhasse a Copa do mundo. Perdeu. Era tudo o que seus algozes queriam.
Europa
O brilho do futebol europeu acabou prevalecendo para as semifinais. A Holanda está bem com Robben e Sneijder. Credenciou-se mais ainda após a vitória sobre o Brasil. Ganhou força moral para seguir mais firme. Já a Espanha, não obstante o aperto passado na vitória por 1 a 0 sobre o Paraguai, tem condições de continuar sonhando, principalmente pelo grande momento de David Villa (foto), Xavi e Iniesta. A Alemanha assombra. O Uruguai entra como azarão.
Calma, gente!
Recebi incontáveis mensagens de torcedores. A maioria, escrita logo depois da derrota para a Holanda, veio eivada de ódio contra o treinador. Uma espécie de vômito de cólera. Poucas com a serenidade de quem contesta com educação e com a força dos argumentos. O Brasil é um país de treinadores. Todo mundo entende de futebol. Cada torcedor brasileiro, se na África estivesse, teria resolvido o problema diante da Holanda. Nas mensagens, notei um inacabável "tira fulano, bota beltrano". Pelo visto, no território brasileiro somente Dunga não entende de futebol, embora tenha jogado em três Copas do Mundo: Itália (1990), Estados Unidos (1994, capitão do tetra), França (1998, vice campeão). É a vida.
Maior espetáculo da Copa
Em que mãos esta taça, que já esteve duas vezes em mãos brasileiras, ficará? É difícil responder. Mas, pelo futebol mostrado até aqui, a Alemanha é a mais cotada, mormente após o show dado na Argentina, no jogo mais bonito da competição. Um futebol espetáculo, aliando arte, velocidade e força física. Desfile de Klose, Özil, Schweinsteiger, Lahm e Podolski.
Sem luz e média luz
Incrível como fracassaram astros que chegaram à África do Sul para brilhar isoladamente, acima de todos, já pela cartaz que desfrutavam. Verdadeiras celebridades. Decepcionaram Cristiano Ronaldo (Portugal), Rooney e Lampard (Inglaterra), Kaká e Robinho (Brasil), Ribéry (França) e Messi (até vinha bem) e seus companheiros argentinos sumiram diante da Alemanha. Messi ficou à média-luz, lembrando o tango de Gardel.
Premiação
O país que ganhar a Copa da África receberá da FIFA o prêmio de US$ 30 milhões. No total, a FIFA distribuirá US$ 420 milhões entre as federações participantes. O vice ganhará US$ 24 milhões. As seleções que disputarem o terceiro lugar, US$ 20 milhões, cada. Os eliminados nas quartas, US$ 18 milhões. US$ 9 milhões aos que chegaram às oitavas. US$ 8 milhões aos eliminados na fase de grupos. Há também outras premiações. Grana muita.
Recordando
Seleção Cearense de 1964. A partir da esquerda (em pé): William Pontes, Aloísio Linhares, Zé Paulo, João Carlos, Ninoso e Carneiro. Na mesma ordem (agachados): Birungueta, Fernando Carlos, Gildo, Zé Raimundo e Mozart Gomes. Detalhe: esse seleção enfrentou o Peñarol de Montevidéu, perdendo por 2 a 0 no PV. (Colaboração de Jurandy Neves de Almeida (Bairro Montese).