Foi triste
Doeu a forma como aconteceu a eliminação da Canarinho. Teve o jogo na mão no primeiro tempo. Fez 1 a 0 com Robinho e desperdiçou duas grandes oportunidades: uma com Kaká e outra com Juan. Teria matado o jogo aí. Não matou. A Holanda, pragmática, fez uso de sua arma mais forte na fase final: força física, ótimo preparo físico e velocidade. Além disso, contou com a sorte no gol de empate (gol contra de Felipe Melo). A partir daí, o Brasil sentiu o golpe e foi cedendo diante de Jong, Kuit, Sneijder e Robben. O descontrole emocional brasileiro contrastou com a segurança holandesa, que se lançou ao ataque. Até a zaga, antes tão firme com Lúcio e Juan, vacilou na jogada aérea que resultou no gol da virara feito por Sneijder. A expulsão de Felipe Melo, num ato de extrema irresponsabilidade, liquidou a esperança brasileira. Foi triste.
Três momentos
Felipe Melo começou bem. Dele a lucidez do passe milimetricamente calculado para Robinho fazer 1 a 0. Dele o azar de tocar na bola que, desviada, foi parar na rede brasileira. Dele o ato irresponsável de uma expulsão que acabou de afundar o time porque com um jogador a menos viu reduzida a quase nada a possibilidade de uma reação. Três momento de um jogador que destruiu os planos de quem mais o apoiou: o técnico Dunga. Poderia ter saído herói: saiu vilão.
Alvo preferido
O técnico Dunga, que antes da Copa já era alvo de tantas críticas, virou ontem o centro de todos os ataques após a eliminação acontecida. Ele tem suas culpas, sim, mas não como certos cronistas querem execrá-lo. Perdeu uma Copa. Telê Santana, tido e havido como técnico monstro sagrado do futebol brasileiro, perdeu duas Copas e com uma seleção cheia de craques (Zico, Falcão, Sócrates, Júnior). Os técnicos Zagalo (1974), Parreira (1986), Vicente Feola (1966) e Lazaroni também perderam Copa do Mundo. Nada de desespero, pois. Lamento que nos momentos mais difíceis do jogo de ontem os atletas de quem mais todos esperavam tenham sumido Kaká, Robinho e Luís Fabiano.
Lágrimas nos olhos
O futebol tem momentos de ingratidão até mesmo para quem dele faz história como vencedor. Júlio César, o melhor goleiro do mundo, sentiu ontem o lado amargo da decepção e da dor. Falhou no lance do gol de empate da Holanda. Viu escapar o sonho de ganhar o título mundial pelo Brasil. E terminou ajoelhado diante da comemoração holandesa.
Sem favorito
A disputa por vaga semifinal coloca hoje em ação Argentina e Alemanha. Duas escolas bem diferentes. A Argentina de toques sutis, criativa, no estilo espetáculo dos sul-americanos. A Alemanha, pragmática, na tradição do rígido comportamento tático, com velocidade e força física. Na analise comparativa, a situação se equipara. Mas a Argentina tem maior poder de improvisação.
Bons jogadores
A Argentina, da meia-cancha para frente, dispõe de significativo número de bons jogadores: Di Maria, Higuaín, Messi, Tevez, Mascherano, Milito, Palermo, Veron. A Alemanha também com bons jogadores, inclusive os vindos da Copa lá disputada: Klose, Podolski, Müller, Lahm, Friedrich, Schweinsteiger e Mertesacker, que tiveram boa participação na Copa 2006. Haja equilíbrio!