Somos treinadores
Cada brasileiro se considera em potencial um técnico de futebol. E mais: com muita competência para escalar a Canarinho e levá-la ao pódio na África do Sul ou em qualquer lugar do mundo. Sobre modelo tático, acha-se capaz de dar um baile nos melhores estrategistas estrangeiros. E assim o técnico Dunga, o ungido entre os mais de 190 milhões de treinadores, terá de, do goleiro ao ponta-esquerda, satisfazer a todos sob pena das mais elevadas críticas. Dunga fez trabalho coerente e assim permanece. Entendi os motivos apresentados por ele quando explicou a não convocação de Ronaldinho Gaúcho, Adriano, Ganso e Neymar. Pergunto: em nome de um talento que vem encantando o Brasil valeria a pena assumir algum risco com a convocação de Neymar? Cada cabeça, uma sentença. Respeito a coerência mantida pelo reinador.
Grande diferença
Argumento usado pelos defensores da convocação do jovem Neymar foi a presença de Pelé que com 17 anos tornou-se campeão mundial pelo Brasil em 1958 na Suécia. Ele entrou como titular no terceiro jogo. Mas cabe uma diferença. Pelé, convocado por Sílvio Pirilo, estava na seleção desde 7 de julho de 1957. A Copa foi em junho de 1958. Portanto, quase um ano de preparação, com Pelé no grupo. Situação diferente da de Neymar. Mote para reflexão.
Observações
O elevado número de dispensas no Ceará demonstrou o quanto houve de equívocos na hora das contratações. E quem indicou tantos insucessos não aparece como pai das crianças. /// A viabilidade econômica do Fortaleza passa pela adesão da torcida ao projeto "sócio-torcedor". Nesta parte, a diretoria tem de trabalhar para não deixar cair a euforia ainda existentes pela conquista do tetra. /// O nível da Série C não é tão baixo como muitos imaginam. Na fase mata-mata os riscos de surpresas são maiores. Exatamente acontece o perigo de frustração como a do Santa Cruz/PE no ano passado. /// Até que ponto a não convocação de Neymar pode influir no desempenho dele pelo Santos? Só o tempo dirá.
Triste partida
O goleiro Adilson definitivamente está vendo terminar sua estada profissional no Ceará, onde foi ídolo, xodó da torcida. Agora sem ilusões deve virar a página da história e buscar novos horizontes. Dele ficarão lembranças de defesas memoráveis. O Paredão, duas vezes seguidas o melhor do ano, jamais imaginou viver situação assim em Porangabuçu.
Preparação do rei
No dia 17 de julho de 1957, Brasil 1 x 2 Argentina, gol de Pelé; 10 de julho de 1957, Brasil 2 x 0 Argentina, Pelé fez um gol; 4 de maio de 1958, Brasil 5 x 1 Paraguai, Pelé fez um gol; 14 de maio de 1958, Brasil 4 x 0 Bulgária, Pelé jogou mas não fez gol; 18 de maio de 1958, Brasil 3 x 1 Bulgária, Pelé fez dois gols. Notem, aí, a preparação de Pelé quase um ano antes da Copa. Pelé estreou na Copa de 1958 no dia 15 de junho, no jogo Brasil 2 x 0 União Soviética.
Seleção
Da lista do pesquisador Airton Fontenele, publicada sexta-feira passada aqui, apenas dois jogadores não figuraram na lista de Dunga, ou seja, o goleiro Gomes e o meia Kléberson. Airton acertou 21 dos convocados. Com o Airton ninguém pode, como diria o saudoso jornalista e ex-técnico da Canarinho, João Saldanha. /// Poucos citaram a possível convocação de Grafite (Wolfsburg-ALE). Mas Airton antecipou o nome dele na lista aqui registrada.
Recordando
Olha aí o cearense Alencar que brilhou no Ceará, Bahia e Palmeiras. A foto é da época em que ele jogava na Ferroviária de São Paulo em 1964. A partir da esquerda (em pé): Dorival, Geraldo Scalera, Galhardo, Rodrigues, Zé Maria e Rubem Sales. Na mesma ordem (agachados): Alencar, Paulinho, Tales, Capitão e Pio. (Colaboração de Marco Antonio de Oliveira).