Quatro vezes Leão
O grito de tetra eclodiu. Estava preso nas gargantas tricolores desde 2006. Agora saiu alto, uníssono, em forma de comemoração e desabafo. É tetra. Veio misturado às lágrimas de emoção. Veio sarando humilhações sofridas. Derrota no tempo normal para o Ceará (2 a 1) gerou mais aflição. Mas nos pênaltis finalmente o triunfo: 3 a 1. Fabiano ao pegar a cobrança de Misael virou herói do tetra tricolor. Esse título sepulta as frustrações e ergue sobre os escombros dos seguidos fracassos a glória de quem sabe sair das cinzas para grandes vitórias. A conquista devolve ao Fortaleza a dignidade e o respeito. Repõe o tricolor no patamar mais elevado do futebol cearense. E deixa claro que o time tem força mental para subir da Série C para a Série B e, no ano seguinte, para a Série A. Este é o Fortaleza "daquelas camisas". Este é o Fortaleza tetracampeão.
Em tempo recorde
O técnico Zé Teodoro teve papel fundamental neste tetra tricolor. Veio na reta final com a missão de arrumar o time que mergulhara no descrédito apesar de ter conquistado o primeiro turno. O nó que deu no Ceará no primeiro jogo revelou sua elevada competência de estrategista. Ontem, embora tenha perdido no tempo normal, ele confirmou precisa leitura do jogo. Tirou do Leão o tetra em 2006. Deu ao Leão o tetra de agora. É o destino. O Zé entra para a história do clube.
Tradição
Um tetra representa o somatório de esforços. Em 2007, o técnico da conquista foi Paulo Bonamigo. No bicampeonato, em 2008, o técnico foi Heriberto da Cunha. Em 2009, o técnico do tricampeonato foi Mirandinha. Agota, o técnico do tetra foi Zé Teodoro. Vale frisar a importância da participação do técnico Luiz Müller, que, a despeito de tantas críticas sofridas, deu o primeiro turno ao Leão. Sem o título do turno conquistado por ele, não teria sido possível a concretização do sonho tricolor. Portanto, foram treinadores que tiveram profunda influência no encaminhamento das soluções, mormente quando o time algumas vezes titubeou. Zé Teodoro, na reta final, foi nota 10.
Presidente obstinado
O presidente do Fortaleza, Renan Vieira, mais que todos tem o direito de extravasar sua alegria. Sofreu horrores. Fez papel de pedinte. Foi humilhado, xingado. Ameaçou renunciar. Clamou por socorro. Teve a coragem de seguir, superando todos os percalços. Agora a recompensa: é o presidente tetra, título nunca antes conseguido por qualquer outro.
Esforço conjugado
Na reta final, valeu no Fortaleza o espírito de grupo. Time fechado na mão de Zé Teodoro. Claro que Fabiano, Peter, Leomar, Turatto, Guto, Gilmak, Coquinho, Paulo Isidoro, Bismarck, Betinho, Eusébio, Tatu, Bruno de Jesus e Alex Gaibu andaram caprichando mais. Mas prevaleceu o esforço conjugado que fez de titulares e reservas um só corpo, um só espírito, uma só voz, um só coração, um só pensamento. Isso torna imbatível qualquer equipe.
A luta
Ao Ceará restou o exemplo de luta, brava luta. Saiu de um fracasso no primeiro turno e embalou no turno final. Deu a impressão de que ganharia o campeonato, já pelo embalo. Trouxe PC Gusmão, Geraldo, Erick Flores, dentre outros. Ficou oscilante no comando de ataque, onde ninguém conseguiu definitiva afirmação. Obteve importante vitória ontem (2 a 1), mas foi mal na série de pênaltis. É esquecer o que houve e encarar o difícil desafio da Série A.