Companheiros de infortúnio
O sonho dos dirigentes dos nossos times é ter a oportunidade de faturar nos grandes jogos e, igualmente, ter direito por exemplo às cotas pagas por participações em competições tipo Copa do Brasil. Grana extra que entra e que salva. Se não salva de todo, desaperta. Pobre Renan Vieira, presidente do Fortaleza. Que terá passado pela mente dele na hora em que Bismarck e Betinho desperdiçaram os pênaltis? Dinheiro "derramado". Da mesma forma a agonia de Evandro Leitão, presidente do Ceará. Houvera feito excepcional acordo trabalhista. Economizou milhões. E, de quebra, a chance de faturar boa grana diante Vasco. Cota e renda salvadoras. Faltavam trinta segundos para a glória. Aí aconteceu o gol do Corinthians que eliminou o Ceará. Renan e Evandro, companheiros do mesmo infortúnio. Ser presidente de clube é coisa para louco...
Afirmação
Há momentos na vida em que o homem é chamado a decidir seu destino. Bismarck, do Fortaleza, está deixando o tempo passar. Pensei que ele faria de 2010 o ano de sua afirmação. Não está sendo. Ele tem futebol de qualidade, mas lhe falta melhor empenho na busca da consagração. Além de saber jogar (Bismarck sabe muito), o atleta tem de mostrar garra, vontade, compromisso. Esses ingredientes andam ausentes nas manifestações de Bismarck. A apatia compromete.
Dinheiro muito
Quem soube se preparar bem para a Copa do Brasil terá aí grande oportunidade de faturar alto. No grupo do Ceará, R$ 170 mil na primeira fase; no grupo do Fortaleza, R$ 75 mil. A partir da terceira fase, todos recebem igualmente, ou seja, R$ 220 mil na terceira fase, R$ 280 mil na quarta fase e R$ 360 mil na semifinal. O campeão da Copa do Brasil vai receber nada menos que R$ 2 milhões e o vice-campeão, R$ 1 milhão. Com as cotas anteriores, se o clube for do Grupo II (onde estava o Ceará), o campeão receberá R$ 3,2 milhões; o vice-campeão, R$ 2,2 milhões. No caso do Grupo III (onde estava o Fortaleza), o campeão receberá R$ 3,1 milhões; o vice-campeão, R$ 2,1 milhões. Daí a frustração pela eliminação.
Convivendo com os tormentos
Renan Vieira tem experimentados todo tipo de turbulência na presidência do Fortaleza. Mas jamais poderá ser acusado de omissão. Dentro das limitações financeiras, cuida de fazer o que está ao seu alcance. Ameaçou sair. Ficou. Só mesmo uma coisa o mantém firme na decisão de continuar: a luta pelo tetra, que está a quatro pontos do Pici.
Repercussão
A eliminação de Ceará e Fortaleza, que perderam suas vagas na Copa do Brasil, terá influência ou repercussão na produção dos dois times nas partidas pelo "Estadual"? O abalo existiu, mas não creio duradouro. A virada de foco é automática dentro do dinamismo do futebol. Jogador não fica chorando três dias porque perdeu vaga na Copa do Brasil. A repercussão de insucessos assim desaparece na medida em que surgem os novos desafios.
Alteração
A mudança de treinador no Fortaleza é que poderá ter maior repercussão, haja vista a nova filosofia de trabalho e o tempo para assimilação dos jogadores. Em qualquer segmento da atividade humana, a mudança de chefia ou de comando gera expectativa e, muitas vezes, inquietações. No futebol, a presença de um novo treinador na maioria das vezes motiva todo o grupo. Saberemos, pois, se Zé Teodoro será capaz de confirmar tal tendência.
Recordando
Foto batida no campo do Ceará antes de um treino do clube. A partir da esquerda: Zélio, Baíbe, Wilson, Zezinho Fumaça, Gildo (o maior ídolo do clube em todos os tempos), Joacir e Nido. Faz tempo não tenho notícias de Zélio, Wilson, Zezinho e Joaci. Baíbe está aposentado. Nido vez por outra vem à TV Diário. Gildo é meu vizinho na Gentilândia. (Acervo Elcias Ferreira).