Fenômeno Verde
Estou assombrado com a força mental desse grupo do Icasa. Fantástico. Jamais na história do futebol cearense vi algo igual, ou seja, um time com salários atrasados e todo tipo de dificuldade chegar à decisão de um certame nacional. Pois aí está o Verdão do Cariri. E vai em busca do título com alguns jogadores que foram renegados por Ceará e Fortaleza: Niel, Canga, André Turatto, Elanardo... Ironia do destino. O Icasa, sem planejamento e lotado de problemas, está na decisão. Há coisas que o futebol não explica. Mas é assim mesmo: o Icasa é um fenômeno de difícil explicação.
O líder. Símbolo da determinação, André Turatto tornou-se líder em campo e mediador fora de campo. Respeitado pelos companheiros tornou hábil e confiável interlocutor. Sem ele, dificilmente o Icasa teria chegado onde chegou.
União interior
Para ganhar a vaga na final, o Icasa não foi apenas união de grupo, força interior, disposição mental para superar adversidade. Há também a qualidade técnica que, se não é de elevadíssimo nível, alcançou patamar suficiente para chegar à decisão.
Time consciente
Destaques diversos. Ora Naylhor, ora Turatto; ora Carlinhos, ora Elanardo. E a regularidade com João Paulo, Mauro, Índio, Thiago Baiano, Rossini, Gilberto, Luis Mário, Rafinha, Da Silva, Eder, Jefferson, Canga, Niel. O técnico: Diá.
´´A gente está há oito jogos sem ganhar. Queremos terminar a Série A com dignidade e vitória. Esquecer as derrotas seguidas".
Magno Cruz
Meia do Ceará
Fim de linha
O Ceará termina hoje sua participação na Série B nacional. Frustrado o sonho de subir para a Série A, resta o consolo de permanecer na Série B. Há alguns anos, a situação era muito pior: nas últimas rodadas o time lutava para não cair. Agora, pelo menos, longe ficou tal ameaça. O Vozão cedo garantiu sua permanência na B. Menos mal.
Último capítulo
PC Gusmão e Ceará em campos opostos hoje. O homem, que veio para subir o Ceará, está próximo de subir o Vitória/BA. E subir exatamente enfrentando o Ceará. Alguém imaginaria roteiro mais irônico que o fim desta Série B? E se for o próprio Ceará a derrubar o objetivo de PC? Até parece suspense de final de novela, mas não é.
Rumo ao Catar
Clodoaldo, o Baixinho, tem agora uma oportunidade muito especial: acertou sua ida para o futebol do Catar. Após uma série de entendimentos, finalmente Clodô viu confirmada a chance de ganhar bom dinheiro no exterior. Clodoaldo já atuou no futebol de Portugal. Esta será sua segunda experiência fora do Brasil. Boa, sorte Baixinho.
Recordando. As novas gerações certamente não saberão o que eu quero dizer quando lembro a "Hora do Pobre" no Estádio Presidente Vargas. Encontrei um amigo que pediu para eu citar o fato na coluna, exatamente o que faço agora. Nas décadas de 1950 e 1960, a "Hora do Pobre" era um procedimento bem simples. Os pobres, que não podiam comprar ingresso, ficavam na pracinha defronte à entrada do PV. Quando faltavam 15 ou 10 minutos para o fim do jogo, os portões eram abertos. Aí aquele magote entrava correndo no estádio para ver os últimos instantes da partida. Geralmente, os que já estavam no estádio e tinham comprado ingresso recebiam com gozação a turma da "Hora do Pobre". Mas tudo numa boa.