O direito de trabalhar
A vida é mesmo cheia de contradições: enquanto no Brasil estouram greves por toda parte, uma categoria luta para trabalhar e não consegue: a dos jogadores dos times das Série C e D nacionais. Essa paralisação das equipes é diferente porque compulsória. Bem que os atletas e seus familiares já poderiam ter ido às ruas, em passeatas e movimentos, exigindo o direito de trabalhar. Certamente a repercussão seria mundial. Afinal, no país do futebol, sede da Copa do Mundo, jogadores passam privações porque impedidos de jogar por decisão judicial. Nisso tudo, há absurdo contrassenso.
Lucidez. Tenho escutado com atenção as colocações do advogado Ernando Uchoa Sobrinho sobre os problemas jurídicos do futebol. Perfeitas. Ele sabe muito. Tiro uma conclusão: quando o objetivo é resolver, tudo se torna fácil; quando é fazer chover, não há abrigo que ampare.
Legislação
Pelos fatos de agora, há que se pensar numa mudança na legislação brasileira. Qual? Impedir que questiúnculas paroquiais possam paralisar o futebol do país inteiro. Daqui a pouco, qualquer beicinho de dirigente vai às portas da Justiça Comum.
Excesso
Observem: alguém já viu, por questões particulares, medida judicial mandar parar por meses todas as indústrias do país? Ou mandar parar por meses todos o bancos do país? Por que só no futebol isso é possível? Há algo errado.
"Da próxima vez, quero estar aqui falando de bola rolando e não mais desse problema da CBF. Basta. Eu também cansei".
Jorge Mota
Diretor de futebol do Fortaleza no Debate Bola (TV Diário)
Ah se fosse!
Deveria haver pena pecuniária pesada para o time ou dirigente de futebol que ingressasse na Justiça Comum só com o objetivo de conturbar. O caso seria apreciado em tempo recorde, nas duas instâncias, sem paralisar o certame. Eles pensariam duas vezes...
Experiência
Não é possível admitir-se como normal, simples e comum, a paralisação de um certame de futebol, deixando ao desalento e desespero centenas e centenas de famílias. E isso pelo capricho de dirigentes que, não raro, têm o propósito só de conturbar.
Utopia
Dirão talvez que estou vivendo um sonho utópico de celeridade processual. Não é isso. Vejo plenamente viável a mudança. Não é questão de alta indagação. Nesses casos as provas são documentais, de fácil análise. Não vejo nada complicado.
Clamor
Há processos que, de forma inconcebível, passam dez, vinte anos, apodrecendo nas prateleiras da Justiça. É triste. É ora de a família brasileira clamar por celeridade em todos os níveis. A morosidade é também uma grave causa de injustiças. E de vexames.
Recordando. Década de 1960. Três jogadores que formaram no time do Ceará Sporting Clube. A partir da esquerda: Zito Aguiar, Pilico e Espanhol. Desses, não lembro apenas de Pilico, Creio que passou pouco tempo em Porangabuçu. Zito e Espanhol eram bons jogadores. Observem que só na camisa de Pilico há o escudo. (Colaboração de Elcias Ferreira).