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O difícil recomeçar

Senti piedade de Franzé Martins, presidente do Crateús, time rebaixado no tapetão. Ele esteve no Debate Bola. Revelou o sacrifício de vir desde a terceira divisão até alcançar a elite do futebol cearense. Com honestidade ganhou em campo. Ficou provado: o erro na contagem dos cartões não foi de má-fé, mas de interpretação. Ainda assim o time foi punido. Depois de um desengano, o recomeçar torna-se mais penoso. Foi duro o golpe para o município. A queda do Crateús não se restringiu ao futebol. Ultrapassou os limites do campo e repercutiu nas camadas sociais. Mas espero que Franzé não desista. Bravo é quem mais forte se torna quando lhe atinge a tormenta.

Decisão no PV

Se der a lógica, Ceará e Fortaleza farão o primeiro clássico decisivo da nova era PV. No ano passado, na reabertura do estádio, quem decidiu o título estadual com o Ceará foi o Guarani/J. Ceará campeão. É bom frisar que de 1941 até 1972, todas as decisões entre Fortaleza e Ceará foram no PV. E com a presença das duas torcidas.

Os bons

Rogerinho é no momento o melhor jogador do Ceará. É rápido, dribla bem e tem passe preciso. O gol de Regis no Tiradentes (1 x 0) resultou de passe perfeito de Rogerinho em cobrança de falta. A pergunta é: dará certo jogar com Reina, que tem a mesma característica? Respondo afirmativamente. Os bons jogadores se entendem.

Nova oportunidade

Deu certo o procedimento de ressuscitação do Ferroviário. O time estava "morto" e voltou à vida. Massagem cardíaca, após uma parada na zona de rebaixamento. O paciente abriu os olhos. Está vivo. Mas requer sérios cuidados. Se não houver profunda correção de rumo, pouco adiantará esta nova chance de viver que está sendo dada aos corais. Vejo o desfilar de políticos pelo comando da Barra. Mas nenhum projeto consistente. A continuar assim, o Ferroviário permanecerá, ano após ano, entre a vida e a morte. Desta vez escapou. Resta saber até quando...

Sem explicação

Até hoje o técnico do Horizonte, Roberto Carlos, não digeriu a irreconhecível apresentação de seu time na goleada sofrida para o Fortaleza. Preparou esquema com o que de melhor o Horizonte tinha: bola no chão, tocada, postura ofensiva. Mas fracassou na marcação que, de tão confusa, levou até o calmo goleiro Jefferson à explosão.

Importância

A participação no time varia de acordo com a característica de cada atleta. A importância de Geraldo tem tudo a ver com seu espírito de liderança e agregação. A importância de Cleo pela velocidade e agudez de suas ações. A importância de Leandro: forte poder de marcação. A importância de Ciro Sena: confiança na zaga e ótimo na conclusão de cabeça.

"Ainda não jogamos a toalha. Reconhecemos que o Ceará está com a vaga na mão, mas no futebol nem sempre prevalece o favorito. Há o segundo jogo e vamos lutar".
Filinto Holanda
Técnico do Tiradentes

Recordando. A partir da esquerda: Orlando Facó, Airton Fontenele e Raimundo Fagner, quando da visita à Sala João Saldanha. Facó, centroavante perigoso, foi ídolo no Fortaleza e no Ferroviário na década de 1960. Airton é no País o maior pesquisador em se tratando de Seleção Brasileira. O cantor Fagner é o talento cearense que segue brilhando, aplaudido pelo Brasil inteiro.