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Cenário diferente

Ceará e Fortaleza fazem amanhã, um clássico especial porque no PV da nova era. Devo dizer que desde 1957 acompanho esse clássico no "Estadinho da Gentilândia", muitas vezes decidindo títulos de turno ou de campeonato. Não lembro de uma morte sequer. Algumas brigas, sim, mas logo controladas pela polícia. Com um detalhe: isso na época em que colocavam no PV mais de 30 mil pessoas. Não quero acreditar que agora, com apenas 15 mil pessoas ou um pouco mais, perca-se o controle da situação. O cenário está moderno, bonito. Que as torcidas saibam fazer a sua parte. É o que espero.

Trio para frente

Há três anos, o Ceará ficou conhecido pela eficiência do chamado "trio de ferro", então composto por Michel, Heleno e João Marcos. Um trio de pegada forte, implacável. Mas agora o trio que faz sucesso em Porangabuçu é outro: Mota, Felipe Azevedo e Romário. Eles foram crescendo juntos na competição. Felipe Azevedo (foto), que deslanchara na reta final da Série A 2011, ganhou companheiros que com ele dividem a função de assinalar gols. Aliás, Mota tem mostrado uma faceta nova: além de consignar gols, aprendeu a ser lançador de primeira. E Romário vai consolidando sua condição de artilheiro. Um trio para frente.

Melhor

As recentes apresentações do Ceará demonstram que o time ganhou ritmo e harmonia. Isso ficou claro nas vitórias sobre o Tiradentes (5 x 1) no PV, Guarani em pleno Mirandão no Crato (3 x 0) e Horizonte no Domingão em Horizonte (3 a 0). A produção do Ceará tem sido melhor que a do Fortaleza. Juca tem sido destaque na armação.

Lances finais

O Fortaleza teve problemas para vencer os dois jogos mais recentes e só conseguiu em lances de sorte nos últimos minutos das duas partidas. Contra o Guarany (S), o gol salvador de Ciro Sena; contra o Guarani (J), o gol salvador de Geraldo, de pênalti. Nedo Xavier ainda na fase de ajustes, mas de qualquer maneira está ganhando.

Experiências

Nos dois times, gente calejada no Clássico-Rei. No Fortaleza, Leandro, Guto, Bismarck, Careca e Geraldo (esses dois últimos jogaram esse clássico, mas pelo alvinegro); no Ceará, Heleno, João Marcos e Mota viveram muitas vezes o clima dessa disputa. Dureza total.

Conclusão

Velho chavão: em clássico não há favorito. Os fatores variam ao sabor dos detalhes imprevisíveis. Nas duas equipes há jogadores com elevado poder de decisão. A história há mostrado que a lógica, em momentos assim, pede licença e vai embora.

A primeira vez

Geraldo, agora ídolo do Fortaleza, viverá a nova situação de enfrentar pela primeira vez seu ex-clube, o Ceará. Estar no lado oposto ao que viveu nos últimos três anos gera expectativa. Mas Geraldo, pela experiência que tem, certamente encarará tudo com naturalidade. Fazem parte do jogo as voltas que a vida dá. No futebol, Geraldo é o senhor do seu destino.

"Nós tínhamos uma base que não ficou. De repente desorganizou. Tudo ficou difícil. Mas a vitória sobre o Ferroviário abriu novas perspectivas".

Oliveira Lopes
Técnico do Icasa