Futebol nas veredas da saudade

Leia a coluna de Tom Barros desta quarta-feira (21)

Saudosista, sim de carteirinha. Minhas caminhadas pelo passado me trazem de volta momentos inesquecíveis. Quando se trata de futebol, aí o deleite é muito maior. Há quem critique os que se apegam aos ídolos e aos cenários que fizeram história. Falta ao futebol cearense um museu. Um local onde os interessados possam fazer um “tour” pelas veredas da saudade. Em São Paulo, o Museu do Futebol funciona no Estádio do Pacaembu. Muito bom. Pode ser uma referência. Aqui, houve trabalhos isolados, feitos pelo saudoso Airton Fontenele. O acervo que ele deixou está sob os cuidados da sua filha, Beth Fontenele. Os famosos arquivos de Alfredo Sampaio, seleção de súmulas e artigos do futebol cearense, foram, segundo eu soube (falta confirmação), adquiridos pela Prefeitura de Maracanaú. Há obras isoladas sobre ídolos e clubes cearenses, mas não reunidas num único espaço. Quem tentou fazer isso foi o saudoso desportista Cristiano Santos, que coordenou o Memofut aqui no Ceará. Quem está tentando dar sequência ao trabalho do Cristiano é o cronista esportivo Hilton Júnior. Mas ele precisa de parcerias fortes para seguir adiante. Quem não preserva o passado comete falta grave contra as futuras gerações.

Descaso

Dois fatos mostram claramente a falta de compromisso com a memória do futebol. Um deles, a reforma que transformou o Maracanã, o maior templo do futebol brasileiro, num estádio comum como outro qualquer. Outro fato, o descaso com a Taça Jules Rimet original. O maior troféu da história do futebol mundial foi roubado da sede da CBF. E derretido. Um absurdo.

Falha lamentável

Cito também outro fato que prova a falta de compromisso com a memória do futebol. Não há nenhum registro de uma das maiores conquistas do Ceará: o Nordestão de 1969. Todas as fitas e filmes (na época não havia vídeo) da grande virada e da vitória seguinte sobre o Remo de Belém foram apagados. Inacreditável.

Reconstrução

Para suprir a lacuna decorrente da falta de registro no rádio e televisão sobre os dois jogos decisivos do Nordestão de 1969, o Ceará elaborou um vídeo a respeito do tema. Ouviu jogadores que atuaram e cronistas que cobriram os eventos. O ex-jogador Magela, que foi destaque na decisão, deu belo depoimento. Ficou muito bom. Mas não há áudios ou filmes da época.

Acervo

O Memofut, na época em que Cristiano Santos era coordenador, gravou em vídeo depoimentos importantes. Lembro das entrevistas de Alexandre Nepomuceno, Sílvio Carlos Vieira Lima, Mozart Gomes e Lívio Amaro Correia Lima, dentre outros. Foram encontros maravilhosos. Queira Deus que Hilton Junior consiga as parcerias necessárias, visando a dar sequência ao projeto.