A vantagem de jogar em casa, além da bilheteria, consiste no fato de o time ter o apoio da torcida. Mas, se parte da torcida atrapalha, melhor será um estádio vazio, por mais paradoxal que pareça. Prefiro estádio lotado, claro. Mas, como tudo na vida, há que ser observado o momento. Nas atuais circunstâncias, é melhor o Vozão sem o incômodo de uma pressão descomunal em casa. E mais: dependendo do resultado em Goiânia diante do Atlético, incontrolável poderia ser o comportamento da torcida no jogo seguinte no Castelão.
O relacionamento da torcida com alguns jogadores já estava insuportável. Vina já vinha sendo alvo de muitas manifestações desfavoráveis. Jogar em estádio sem público já não é tão estranho. Durante a pandemia da Convid 19, os jogos todos foram realizados sem a presença do torcedor. Algumas emissoras de rádio e televisão até improvisaram uma trilha sonora, visando a dar a impressão de vida nos estádios. Sendo assim, não causará nenhum impacto ao Ceará a ausência da torcida. Melhor seria com a massa alvinegra presente, ou seja, a torcida do bem que quer apoiar a equipe. Se assim não for, será melhor mesmo deixar o estádio vazio.
Nervos de aço
Por mais incrível que pareça, há momentos em que a torcida, no lugar de ajudar, atrapalha. Não raro, quando os torcedores escolhem para bode expiatório um jogador, este sofre. Se pegar na bola, tome vaia ou assobio. É preciso que o jogador tenha nervos de aço para dar sequência ao seu ofício. Nesse caso, a meu juízo, a torcida atrapalha.
Decisão
Há quem entenda que o jogo do Ceará domingo em Goiânia definirá a sua situação na Série A. Se o Vozão perder, será engolido pela descrença. Aí a autoestima do grupo desaparecerá e o próprio time colocará em dúvida as suas possibilidades de reação. Não penso assim. Acho que ficará tudo muito complicado, mas ainda com chances ínfimas.
Inverso
A torcida do Atlético vai lotar o Estádio Antônio Accioly domingo em Goiânia. Ingressos vendidos a R$ 5,00. O objetivo é fazer pressão em cima do Ceará. Se, porém, as coisas não caminharem bem para o Atlético, a pressão da massa passará a ser sobre o time da casa. Faca de dois gumes. O Atlético também precisa da vitória. O efeito pressão pode mudar de lado.
Exemplo
Vejam o que aconteceu no Castelão domingo passado. A torcida foi ao estádio para apoiar o Ceará. Quando as coisas começaram a dar errado, ou seja, quando o Cuiabá fez 1 a 0, a própria torcida assumiu postura hostil ao Ceará. Daí vieram as brigas que resultaram na invasão do campo. Como consequência, o enorme prejuízo para o Ceará.