A intensidade tem seu tempo de vida

A goleada sobre o América fez ressurgir a ideia de um Leão permanentemente arrasador. Mas recomendo moderação

O técnico Juan Pablo Vojvoda, desde o primeiro dia em que aqui chegou, tem pregação resumida numa única palavra: intensidade. Foi assim e é assim que ele quer o Fortaleza. Na maioria das vezes, tem conseguido, embora nem sempre seja possível extrair o máximo o tempo todo. A goleada sobre o América fez ressurgir a ideia de um Leão permanentemente arrasador. Mas recomendo moderação. A realidade do Campeonato Brasileiro não permite essas coisas. O Fortaleza experimentou apagões que o levaram a reflexões. O próprio técnico Vojvoda admitiu que nem sempre será possível manter o que ele quer. Se houvesse um time com capacidade de manter ritmo intenso, permanente, do começo ao fim, certamente os holofotes do mundo estariam voltados para a nova descoberta. A intensidade, do jeito que voltou diante do América de Minas, poderá oscilar no compromisso seguinte ou num dos próximos compromissos. Eu vi a semifinal da Eurocopa. O bom e intenso time da Dinamarca manteve ritmo forte nos noventa minutos e acréscimos. Na prorrogação, morreu sem fôlego como asmático em crise. E a Inglaterra ganhou. Correto então é saber dosar a intensidade. Não estourar a equipe com exigência de intensidade toda hora, todo dia, todo minuto, todo segundo. Não é assim. 

Bonito demais 

No futebol, muitas vezes mais que o gol, há lances que são curtidos de forma muito especial, já pela plástica, pela beleza, pela arte e pela improvisação iluminada de um momento feliz. Assim foi o lance em que David livrou-se de alguns marcadores do América e serviu para Ederson marcar o gol de abertura da goleada. Num espaço de poucos metros, ele encontrou a maneira sutil de driblar e servir. Lance de rara inspiração. 

Variação 

O Ceará ainda não conseguiu uma sequência maior de produção regular. Explico: fez bela apresentação no Beira-Rio. Deu a impressão de que não mais oscilaria tanto. Já diante do Fluminense em São Januário não lembrou nem de longe o que fizera no Rio Grande do Sul. E foi salvo pela arte de Richard que fez defesas espetaculares. Isso, de certo modo, preocupa.  

Abre Alas 

O poder aquisitivo dos times da Europa e de parte dos times asiáticos está muito acima do valor do Real, moeda cada vez mais desvalorizada e desmoralizada, máxime diante do euro e do dólar americano. Assim fica fácil levar daqui jogadores que vão se destacando. Saulo Mineiro pode ser apenas o abre-alas de alguns que também poderão ir embora porque já estão na mira de clubes estrangeiros. 

Exposição tricampeonato 

O Fortaleza, em parceria com o Shopping Benfica, está promovendo a exposição celebrativa pelo tricampeonato estadual. No piso térreo, até o dia 03 de agosto, lá estarão os três troféus (2019, 2020, 2021), as medalhas, a taça de campeão do futebol feminino, luvas do Felipe Alves e as chuteiras do Wellington Paulista. Tem a foto-lembrança (o torcedor fica ao lado das taças. Quando a foto é revelada, ele aparece na companhia dos jogadores. Imperdível.