Por que uns consideram suas vidas, escolhas, trajetórias superiores às dos outros?

O noticiário nacional tem registrado frequentes notícias de agressões contra pessoas vulneráveis. Os motivos, sempre torpes, são a preferência religiosa, a diversidade sexual, a cor da pele, o posicionamento político-progressista. É o crescimento da intolerância no País que segue a passos largos. De repente, extremistas se viram autorizados a propagar discursos de ódio nas redes sociais e na vida real. É racismo, homofobia, intolerância religiosa. É crime.

Nos últimos dias, quando celebramos o Orgulho LGBTQIA+, vimos um tanto de críticas à visibilidade dada às pautas e demandas da comunidade LGBTQIA+, uma população que morre a números alarmantes, todos os anos, em decorrência do preconceito. Uma dessas críticas, pasmem, se voltou ao uso da linguagem neutra, que adota, na fala e na escrita, uma terceira via frente aos artigos masculino e feminino. 

O uso do “todes” pretende respeitar a identidade de gênero, ou seja, a forma como cada um se vê. Me pergunto como o uso de um artigo pode causar tanto incômodo? O que é um artigo quando falamos em respeitar a vida de alguém?

Mas a comunidade LGBTQIA+ não é a única a sofrer ataques. Temos notícias recentes de posicionamentos contrários, em todo o País, às religiões de matriz africana. Nesses casos, há agressões violentas contra os espaços religiosos, e ataques verbais, físicos, virtuais contra seus praticantes ou mesmo contra as oferendas que estes fazem aos seus guias espirituais. 

Novamente me vêm questionamentos: Por que uns consideram suas vidas, escolhas, trajetórias superiores às dos outros? Em nome de que Deus, as pessoas consideram suas crenças melhores que as outras?

No início do ano, quando a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) anunciou a Campanha da Fraternidade, me emocionei com a mensagem enviada pelo Papa Francisco para a ação. 

Louvando o diálogo, ele dizia que, naquele momento, os fiéis eram “convidados a sentar-se a escutar o outro e, assim, superar os obstáculos de um mundo que é muitas vezes um mundo surdo. De fato, quando nos dispomos ao diálogo, estabelecemos um paradigma de atitude receptiva, de quem supera o narcisismo e acolhe o outro”.

Sábias palavras, Papa Francisco! Esse homem progressista, que tem deixado de lado importantes dogmas do catolicismo, nos diz algo que já deveríamos ter aprendido: precisamos aprender a respeitar e acolher a diversidade. Assim construiremos uma sociedade mais justa e solidária.

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.