Menstruação: esse é o nosso sangue

Você é daquelas pessoas que quando ficam (ou ficavam) menstruadas é (ou era) um “Deus nos acuda?” Cólicas, vazamentos, impedimentos, enfim, acha que tudo na menstruação é uma chateação na vida da mulher? Eu não! 

Nunca permiti que minha menstruação pudesse virar motivos para estigmas dentro de mim. Nunca me vitimizei porque estava menstruada. Nunca achei que era a única pessoa no mundo ter os sintomas que estava sentindo. Muito pelo contrário! Paciência, um profissional competente para explicar o caso e remediar era a solução. Vida que segue. Afinal, menstruação não é doença. É a minha natureza. Gosto de ser e sentir-me mulher! 

Ser mulher é sentir várias mudanças todos os meses, sejam físicas ou comportamentais, e tirar muitas lições. No começo da minha vida de “menstruante”, os sintomas eram incômodos, mas, já na fase adulta, percebi a necessidade de conhecer mais o meu corpo por inteiro. É interessante olhar para si e notar como reage seu “lar” feminino a cada mês: compreender o ciclo da menstruação, não só para fins reprodutivos, mas para entender o quanto somos seres especiais. É lindo! 

Porém, o assunto é que, depois de tantos anos como “menstruante”, foi nesse ano, nesse mês de maio de 2021, que, quando menstruei, pensei de forma diferente: lembrei das mulheres vulneráveis que precisam de absorventes, itens não incluídos nas cestas básicas e nem distribuídos nos postos de saúde. Pasme!  

Isso já vem martelando no meu pensamento desde quando trouxe as matérias da pobreza menstrual (nome feio, né?) e do “pink tax” (diferença de valores de produtos em gêneros). A atitude mesmo foi quando vi o meu sangue descer mais uma vez esse mês. 

Passou um filme na minha cabeça: lembrei o quanto foi importante perceber-me mulher desde os meus 13 anos sem nunca ter reclamado um só dia. O quanto sou grata por ter aceitado o chamado de conversar com vocês, abertamente, sobre esse e outros assuntos de mulher, que já foram um tabu na sociedade, com toda verdade e clareza, sem ser obscena. Que foi lindo ver o movimento de mulheres, no domingo passado, como AGELESS, ou seja, sem idade, atemporais. Todas juntas e identificadas! 

E foi aí que sabedora que nada é por acaso, comecei a fazer a conexão: identificação maior das mulheres comigo; fiquei menstruada no dia seguinte e, quando fui ver, só tinha um absorvente em casa; esse item tinha recebido da Larissa do @sanguenosso, apenas dois dias antes da menstruação e, que precisava passar na farmácia para comprar mais absorventes para conter meu fluxo.  

Quando peguei um pacote para mim, imediatamente, pensei: “por que não levar outro pacote para conter o fluxo de uma mulher que esteja precisando?” Comprei! 

E assim, eu sugiro que você, cada vez que for comprar o seu absorvente ou qualquer produto de higiene pessoal (calcinha, sabonete, etc) lembre-se de uma mulher vulnerável. Leve 1 produto para ela, também.  

Pratique a sororidade. Leve a dignidade menstrual as mulheres vulneráveis. Esse é o nosso sangue. E o seu sangue, também é assunto nosso!

DOMINGUEMOS, AMÉM!