É muito bom ter um amigo gay. Gays são pessoas muito alegres, divertidas e ainda podem auxiliar em diversas coisas, como por exemplo, no seu estilo, na sua maquiagem ou quando você está sozinho e precisa rir um pouco. É como um amuleto da sorte, uma enciclopédia ambulante, já que gays sabem tudo sobre astrologia, moda, música pop e etiqueta.
O gay pode cuidar da sua casa ou dos seus pets quando você for viajar. Pode indicar filmes de comédia, te acompanhar na academia, carregar suas compras no shopping, fazer sua depilação íntima, pintar o seu cabelo e unhas e ainda tomar uma cerveja no fim do dia, enquanto você desabafa sobre suas questões amorosas, afinal, gays são ótimos conselheiros sentimentais.
O amigo gay é muito engraçado e está sempre de bom humor, acompanha você na balada e topa qualquer situação, até mesmo acobertar algumas de suas ações de caráter duvidoso. Ele pode, inclusive, fingir ser seu namorado para causar ciúmes no seu ex ou para, simplesmente, causar nos outros a impressão de que você não está solteira em uma festa. Ufa! Quantas qualidades, não é mesmo?! Ainda bem que gays existem.
Agora, sério: se você não sentiu qualquer incômodo ou achou bizarro tudo isso, provavelmente, você não tem um amigo gay, mas sim “viadinho de coleira” - aquela pessoa que, na sua cabeça, só existe para te servir, para amenizar as suas dores e te fazer esquecer dos problemas com uma boa dose de piadas e gargalhadas, um alívio cômico pro drama da sua vida.
E aí, te questiono, você estaria disponível para ser amiga do seu amigo gay? E do seu filho gay? E do seu neto gay? E do seu pai gay? E do seu avô gay?
Aqui não busco anular qualquer existência ou preferência de gays que fazem tudo isso citado acima, mas quero questionar onde está o verdadeiro sentimento de orgulho de pessoas heterossexuais em ter amigos ou familiares gays.
Muitos de nós só passam a ser valorizados pela família quando atingem uma boa condição financeira e passam a ser independentes ou a proporcionar algum tipo de regalia aos parentes. Antes disso, há uma lei muito clara para grande parte dos gays: “Come do meu pirão, apanha do meu cinturão”.
Pareceu bobagem toda essa conversa? Observe a Parada da Diversidade mais próxima da sua casa ou a rede social que mais usa e tente enxergar quantos amigos e familiares, de fato, apoiam pessoas LGBTQIAP+. Tente ver seu amigo/primo/pai/filho/avô/irmão para além de todos os estereótipos construídos sobre o que é “ser gay”. Tente ouvir as dores e celebrar as alegrias dessas pessoas.
Posicione-se em situações de discriminação, lute também por políticas públicas e direitos civis, vote em candidates com pautas de diversidade e, especialmente, observe e corrija suas próprias atitudes e ideias.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.