Nordeste para exportação

Vocês andaram reparando que nos últimos tempos tem crescido muito o número de rostinhos nordestinos nas telinhas? Só na novela Pantanal, contamos com seis nomes: o baiano Lucas Leto, o paraibano Leandro Lima, os pernambucanos Jesuíta Barbosa, Renato Goes, Irandhir Santos e esse cearense de Mombaça que vos escreve.

Nesta semana, fiz minha estreia na Netflix com a série de suspense e comédia Nada Suspeitos, acompanhado da paraibana Gkay e das baianas Mayra Azevedo (Tia Má) e Gi Uzeda. Ainda na Netflix, tem também a série de comédia "A sogra que te pariu" com a fantástica Solange Teixeira no elenco. Além das estreias que estão por vir com a pernambucana de Igarassu Ademara Barros e Max Petterson, made in Cariri cearense.

Na última segunda-feira, estreou Mar do Sertão, trazendo um número significativo de artistas nordestinos dentro de uma produção da Rede Globo. Nomes como Titina Medeiros, Thardelly Lima, Suzy Lopes, Lucas Galvino, novamente o maravilhoso Renato Goes, Izadora Cruz, Felipe Velozo (que ainda neste ano estará na HBOMAX com a série A Névoa), César Ferrario, Érico Brás, Matteus Cardoso, Quitéria Kelly, Everaldo Pontes, Cyria Coentro e Nanego Lira.

Já na terça-feira, rolou a tão aguardada estreia da segunda temporada de Cine Holliúdy 2 - um projeto de origem cearense e que, além da direção de Halder Gomes, vem estrelado por Edmilson Filho, Haroldo Guimarães, Solange Teixeira, Carri Costa, Falcão, Jorge Ritchie e várias participações nordestinas.

Aqui nem preciso me aprofundar no campo do Cinema, afinal, é notório o quanto a nossa região cresceu e construiu seu espaço no audiovisual nacional. E olha que nem preciso ir muito longe. Nos últimos anos, filmes como Bacurau, Pacarrete, Piedade, Cine Holliúdy, Tatuagem e muitos outros escreveram linhas importantes na história do cinema brasileiro. Sem contar com as incríveis direções dos baianos Wagner Moura em Marighella e de Lázaro Ramos em Medida Provisória.

Não posso deixar de falar também de Cabeça de Nêgo, que dentre tantos feitos, ainda rendeu a indicação de Melhor Primeira Direção para meu conterrâneo Déo Cardoso, no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro em 2022. Ah! E ainda tem a série

Meninas do Benfica, produzida em Fortaleza e disponível na Globoplay e no Canal Brasil. Já viram?

Todas essas citações são extremamente importantes se pensarmos que há uns 10 anos, a gente contava nos dedos a quantidade de artistas nordestinos na telas, especialmente na TV. E quando tinha, provavelmente esse artista comia um dobrado pra conseguir espaço.

O Nordeste não é distante, muito menos o nosso desejo de ocupar esses lugares. Estar em um veículo de grande massa é valioso pra nós, porque ainda sofremos com descrença em nossa profissionalização. E essa descrença não é dos artistas, até porque nós sabemos do nosso valor, mas nos falta oportunidade.

Portanto, sempre que nós, nordestinos, vermos um “cabra da peste” ou uma “mulher arretada” fazendo sucesso na arte, precisamos nos orgulhar e estampar esses nomes afora, para que assim sejamos artistas multiplicadores dos trabalhos dos outros, para que sejamos capazes de abrir mais e mais portas. Esse mercado também é nosso e nós viemos pra ficar.

* Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor