Fóssil de pterossauro que havia sido traficado será devolvido ao Cariri

A repatriação alcançada por meio de um trabalho em conjunto dos cientistas com os procuradores e outros profissionais do MPF pode se tornar um precedente jurídico

A embaixada do Brasil na França publicou no Twitter fotos da entrega simbólica de 998 fósseis ao Museu de Paleontologia de Santana do Cariri. As peças tinham sido ilegalmente importadas e estão retornando depois que o Ministério Público Federal (MPF) obteve uma decisão favorável na Justiça francesa para a repatriação.

Ainda não foram divulgados detalhes sobre as espécies que estão voltando para o Ceará, mas o MPF já tinha afirmando em outra ocasião que o material inclui 34 caixas contendo 345 pedras de animais fossilizados e 648 pequenos quadrados de animais e plantas em formato de fóssil, todos oriundos da Chapada do Araripe.

Porém esta coluna acaba de apurar uma informação que merece celebração já: um pterossauro está entre os animais fossilizados que estão retornando ao Cariri. A informação foi confirmada pelo professor Antônio Álamo Feitosa Saraiva, paleontólogo que ajudou no processo fornecendo laudos técnicos ao lado do professor Renan Alfredo Machado Bantim.

"O pterossauro completo é um anhangueridae. E é um fóssil com uma particularidade: muito tecido fóssil preservado", afirma o professor Álamo.

Ontem, professores da Universidade Regional do Cariri publicaram nas redes sociais fotos da chegada ao aeroporto de Orly, em Paris. Entre os presentes, está o professor Alysson Pinheiro, diretor do museu. Ele também aparece nas fotos publicadas hoje no perfil da Embaixada.

A repatriação alcançada por meio de um trabalho em conjunto dos cientistas com os procuradores e outros profissionais do MPF pode se tornar um precedente jurídico. A devolução não foi conseguida de primeira na França. O MPF precisou insistir.

"Um processo de quase 5 anos", afirma o professor Álamo, lembrando que há outros fósseis sendo reivindicados na justiça de países como Alemanha, EUA e Japão.

Também é interessante lembrar que a vinda dos fósseis para o Museu de Paleontologia pode ser celebrada como uma vitória sobre o chamado colonialismo científico, já que os fósseis não vão mais ficar na Europa, aonde foram parar ilegalmente, e também não ficarão restritas ao eixo Rio-São Paulo, como aconteceu com outras peças.

O pterossauro e outros seres petrificados serão devolvidos ao território de direito, o Cariri, e ficarão no Museu de Paleontologia, colaborando com a ciência e o turismo do Ceará.