Você já sentiu aquela queimação após comer algum alimento? Essa sensação é popularmente conhecida como azia e se refere a dor no alto do abdômen e região central do tórax, na linha média do corpo, que pode durar horas e gerar certo desconforto.
O médico Daniel Araripe, cirurgião do aparelho digestivo, explica que a azia é o sintoma, enquanto refluxo gastroesofágico é a doença a ser tratada. O sintoma clássico correspondente à azia é chamado de pirose, que é a sensação de desconforto, que se assemelha a uma queimação contínua.
“Essa condição se caracteriza por uma ineficiência dos mecanismos de contenção existentes na junção do esôfago com o estômago. Esses mecanismos deveriam impedir o suco gástrico de ficar agredindo a superfície interna do esôfago, órgão bastante delicado. No paciente com refluxo gastroesofágico, esses mecanismos estão danificados”, detalha.
Para aliviar a azia, o primeiro passo recomendado pelo médico é minimizar situações que facilitem o retorno do conteúdo do estômago para esôfago. Alguns alimentos ou substâncias, como álcool, cafeína e bebidas com gás, devem ser evitados, pois facilitam a ocorrência do refluxo.
Conforme o especialista, outros alimentos pioram os sintomas em algumas pessoas e cada um deve observar o que lhe afeta mais. Além do cuidado com o que se ingere, Daniel Araripe lembra que é preciso ter atenção a alguns sintomas que podem aumentar a queimação, como se deitar após se alimentar e beber líquidos durante as refeições.
“Todas as pessoas passam por episódios de refluxo gastroesofágico ao longo do dia. O que vai caracterizar a situação como doença é a frequência, duração e intensidade desse fenômeno. As pessoas com o diagnóstico de doença do refluxo gastroesofágico precisam de uma avaliação especializada e de tratamento médico, que pode ser com fármacos ou até uma cirurgia”.
Como tratar
Além da modificação dos hábitos, devido à intensidade dos sintomas, há pacientes que necessitam de tratamentos que incluem o uso de medicamentos que vão reduzir a produção de ácidos pelo estômago. “Há estratégias de tratamento diferentes para a doença do refluxo e a avaliação do médico especialista é primordial em eleger o tratamento mais adequado”, reforça.
Também há casos em que a cirurgia se faz necessário. Segundo o médico, pacientes com alterações anatômicas relacionadas, ou com complicações causadas pelo refluxo, ou com dependência crônica ao uso de inibidores ácidos são candidatos ao tratamento cirúrgico para corrigir o mecanismo de barreira danificado entre esôfago e estômago.
Já o diagnóstico da azia ocorre a partir da consulta com um médico especialista.“Uma anamnese detalhada pode dar elementos suficientes ao diagnóstico. Outros casos, podem precisar de uma endoscopia digestiva alta e outros ainda precisam de exames mais detalhados como a manometria esofágica e a pHmetria esofágica de 24h, na qual o paciente fica registrando os acontecimentos de sua rotina, enquanto um sensor mede a acidez no interior do esôfago a cada momento”.