Wicked: Ariana Grande e Cynthia Erivo brilham em obra perfeita para os fãs de musical; veja resenha

Longa é adaptação de clássico da Broadway cheio de emoção e repleto do talento das duas protagonistas

Sucesso absoluto na história da Broadway, Wicked possui uma verdadeira legião de fãs dos musicais no teatro. Não à toa, quando a adaptação cinematográfica foi confirmada, as expectativas se elevaram a níveis estratosféricos, resultando em um verdadeiro temor sobre quais atores interpretariam os personagens famosos do clássico. Quando Ariana Grande (sim, a cantora) e Cynthia Erivo foram anunciadas, dois clubes se formaram: o dos que acreditavam na incapacidade da primeira artista e os que reconheciam a maestria da segunda nos palcos. 

Agora, finalmente lançada nos cinemas nesta quinta-feira (21), não há dúvida de que a adaptação da peça para o filme ressaltou as qualidades de ambas. A Ariana foi delegada a responsabilidade de consagrar 'Glinda, a bruxa boa', com toda a comicidade e beleza que cabe à personagem. Enquanto isso, ficou sob a jurisdição de Cynthia o dever de tornar Elphaba a protagonista cheia de vivacidade e potência tão característica do musical original. 

As duas, sem dúvida, são a alma do longa. Para além da potência vocal, que demonstram extremamente bem, a conexão entre elas cresce a cada novo ato, culminando em uma das cenas mais emocionantes, quase no fim da parte um. E sim, é verdade, nem toda a história será contada neste primeiro filme, com uma parte dois já confirmada. 

Talvez a maior beleza esteja justamente nessa força musical, inclusive. Wicked não esconde a qual gênero pertence, muito pelo contrário. O filme se propõe a orgulhar tanto os fãs da história como os que já possuem predisposição a gostar de musicais. Sobra, a quem não gosta, a alternativa de nem assistir ou de aceitá-lo como é, musical puro, sem firulas para passar diferente. 

A história também é outro ponto alto. Muito fiel, ela segue o caminho de Elphaba (Cynthia Erivo), jovem que nasceu com a pele verde e será, mais no futuro, a “Bruxa Má do Oeste” retratada em “Mágico de Oz”. Na Universidade Shiz, ela conhece Galinda (Ariana Grande), que se tornará 'Glinda, a bruxa boa'. Do ódio inicial pelas diferenças, é a amizade nascida entre elas o principal motor da história paralela à criada por L. Frank Baum. Nisso, temas como a intolerância, o preconceito e até o amor inundam o que é contado.

Potência musical e estudo vocal

Chega a ser difícil falar do filme e não citar o crescimento de Ariana como atriz. Voz de hits do pop como 'Thak You, Next' e 'God is a Woman', ela surge, agora como Ariana Grande-Butera, em uma espécie de completude como artista. Não há como negar que houve estudo vocal intenso, exemplificado nas notas mais absurdas que ela atinge em cena. É quase irreconhecível como voz, e isso positivamente. 

Uma das responsáveis por isso é, sem dúvida, Kristin Chenoweth. Mentora de Ariana, ela foi a primeira Glinda de Wicked na Broadway e já disse, cheia de sorrisos, o quão orgulhosa ficou do trabalho da pupila. Esse pode até ser um dos motivos para que a voz das duas soem semelhantes, tanto em tom como em alcance, e até mesmo os trejeitos mais característicos de Glinda estejam ali, a cada nova fala da cantora no longa. 

E se o assunto é potência e capacidade, Cynthia Erivo está no mesmo nível. Com um Tony, um Grammy e um Emmy, além de uma indicação ao Oscar, ela parece ter sido a escolha perfeita para Elphaba. Interpretando uma personagem mais reservada, mas sarcástica e sensível, a atriz também faz jus ao trabalho deixado por Indina Menzel na Broadway. 

Sucesso no teatro em 'The Color Purple', ela sabe exatamente como transmitir as emoções de cada canção, e é quase impossível não torcer para que Elphaba consiga finalmente cantar a plenos pulmões e voar (sem spoilers!). Uma das primeiras atrizes negras a assumir esse papel, ela concede ainda mais emoção à história, que faz questão de tocar na questão do preconceito pela cor. 

Saldo positivo para musicais

Para além da mágica já característica da história, 'Wicked' também é mágico em cena. A mistura entre músicas e cenários, que se transmutam a todo instante, também é outro acerto. A todo momento, o espectador adentra nessa fábula cheia de cor, beleza, mas também profundidade.

Em meio aos tempos difíceis para musicais, ele é uma ode ao gênero. Tão positivo que até as quase três horas de duração, um dos pontos negativos, passam devagar, mas não parecem intermináveis. Aos fãs, uma experiência completa do espetáculo original, abrilhantado por artistas completamente competentes quando o assunto é carregar uma responsabilidade tão grande. Ou seja, sem dúvidas, vale conferir.