Com Silvero Pereira, filme sobre Maníaco do Parque estreia nesta sexta (18); veja resenha

Longa está disponível na plataforma de streaming Prime Video

A representação de histórias de true crime não é exatamente algo novo no audiovisual, mas as produções imersas nesse gênero têm cada vez mais força nos últimos tempos. Seja pela necessidade de reviver acontecimentos marcantes, que foram motivo de indignação, ou pela curiosidade humana em saber as circunstâncias de crimes “famosos”, é assim que a Prime Video lança, nesta sexta-feira (18), 'Maníaco do Parque: um serial killer brasileiro', recontando a história de um dos criminosos mais conhecidos do país. 

O longa tem o cearense Silvero Pereira na pele de Francisco de Assis Pereira, mais conhecido como o Maníaco do Parque, além de Giovanna Grigio como a repórter Elena, personagem fictícia na narrativa, criada para dividir o protagonismo com o serial killer. Ainda que baseado em uma história real e chocante, o filme sobrepõe as duas visões em uma busca complicada por tratar de assuntos que vão além do espectro dos crimes causados pelo motoboy. 

Veja o trailer:

A ideia é justamente remontar o final dos anos 1990, quando o serial killer foi condenado pelos crimes de estupro, estelionato, atentado violento ao pudor e homicídio. Ele confessou o assassinato de 11 mulheres e outros 23 ataques realizados no Parque do Estado, na Zona Sudeste de São Paulo. Na época, os atos de Francisco de Assis chocaram pela brutalidade, espalhando o medo entre mulheres e marcando tristemente a vida de diversas famílias. Mas como trazer esses fatos para a ficção sem o tratar como algo essencialmente documental?

Para o diretor Maurício Eça, a estratégia foi acrescentar a figura feminina de Elena, que na história busca retratar os atos hediondos por meio da lente feminina afetada não só pelos crimes, mas também pelo machismo sufocante da época. Assim, 'Maníaco do Parque: um serial killer brasileiro' cria duas linhas: a que pretende mostrar os crimes cometidos pelo assassino e o trabalho de Elena para expor tais atos, representando as mulheres integrantes das investigações do caso na época. 

O problema, entretanto, é que as duas linhas não funcionam como o esperado, não se complementam de forma coesa.

Enquanto o filme busca imergir na carga dramática da revelação do motoboy como um assassino, o caminho trilhado pela outra personagem parece desconectado do restante da história. 

Sobra a sensação de ser raso no que se propõe. Não consegue ser uma boa história de true crime, justamente porque não se coloca como o responsável por elucidar todos os fatos dos crimes, não os expõe com a ótica da realidade. Não é uma boa história de ficção, também por não assumir Elena como a protagonista e embarcar nos desafios de uma investigação jornalística, ainda mais se comandada por uma mulher. 

Atores se destacam

A ideia parece ter sido trazer o universo feminino da época à tona, além de se colocar como uma justiça para as vítimas. Elena é a personagem que busca reconhecimento quando nada lhe é dado, é a que luta diante do machismo mesmo quando ele é tão acachapante, é a que demonstra como a mulher era — e por muitas vezes ainda é — renegada ao esquecimento na sociedade. Mas não é carismática para gerar a empatia que lhe é pedida, mesmo que Giovanna Grigio seja ótima no que lhe é entregue.

Silvero, sem dúvidas, é o ponto alto da produção. O ator já se tornou um nome único no mercado de entretenimento nacional e assumiu a própria importância quando se desafia em outras frentes, mostrando que nem só o humor ou o regionalismo o completam. Um acerto, daqueles para não passar despercebido diante das inúmeras outras oportunidades que devem surgir na carreira do cearense.

Fraqueza da narrativa

Uma lição óbvia é saber que na intenção de fazer algo diferente, o resultado pode nem sempre ser o esperado. Aqui, ela resulta no enfraquecimento de ambas as histórias. Uma confusão de tudo, já que não existe uma linha central para contar os fatos apresentados. E é exatamente nesse caminho onde as coisas se perdem. 

'Maníaco do Parque: um serial killer brasileiro' sofre do mesmo mal de outras obras fictícias com o objetivo de contar crimes reais. Não o faz de forma interessante para agregar fatos e novas visões, mas também não vira de fato uma ficção capaz de remontar tudo com cuidado e inovação. No fim das contas, é a velha máxima: tem o desejo de ser tudo, mas acaba sendo muito pouco ou quase nada.