O amor é mais brega e simples que chique

Na academia tem uns armários em que é preciso usar seu próprio cadeado. Encontrei um aqui em casa, mas a chave era tão pequena que eu tinha que pendurar um chaveiro nela. Eu adoro chaveiros, adoro. Aquela coisa bem clichê e o sonho de todo amigo secreto de Natal: porta retrato, chaveiro, toalha e sabonete. Gosto de verdade – que eles não saibam.

Na minha chave antiga do carro tinham uns quatro chaveiros juntos. Mexendo na cestinha de besteira que temos no rack da sala, encontrei alguns dos chaveiros que eu ganhei – dos mais clichês possíveis. Um de acrílico com foto nossa (eu, meu marido e a Manuela) numa viagem que a gente fez. No verso do chaveiro mais uma foto só da Manuela.

Confesso que não é dos meus favoritos, mas na mesma hora peguei ele. Num livramento de quaisquer vaidade “chaveiral”, peguei o mais cafona que tinha nós. Uma foto linda de um momento tão legal nosso.

Preservados meu gosto pra objetos de decoração, porque não o chaveiro de foto? Foi um presente tão legal. É impressionante: o amor é brega mesmo. As cartas de amor. Os chaveiros de foto.

Me parece que ele – o amor - se mostra e aparece no mais brega e mais simples. Quanto menos chique, mais se vê. E é muito bom, de vez em quando, vê-lo dessa forma: escancarado.

O sapatinho da Manuela com uma flor enorme – maior do que eu gostaria - que ela ganhou de uma pessoa querida, as fotos enormes que ganho impressas nossas, o porta flor com a imagem da Manuela pequenininha com um poema, as faixas gigantes de parabéns pintadas à mão que vemos nas cidades de interior. É tudo sobre a simplicidade do amor.

Não cairei no pecado de dizer que as coisas mais sofisticadas não o tem. Mas me parece que quanto mais simples, mais explícito esse amor é. E é bom explicitar, é bom de vez em quando, tocar nele.

E eu amo. Eu amo o quanto o amor é muito mais brega e simples do que chique. Apesar de ser chiquérrimo amar.

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora