Estava aqui pensando em quantas coisas deixamos nas mãos do bendito destino. Queremos ter o controle mas ao mesmo tempo queremos que a vida se encarregue de algo também. Eu acho dificílimo ter que decidir por algo que vai mudar a minha vida.
Eu acho muito difícil, por si só, escolher esse rumo. O peso é grande demais de assumir as consequências de uma decisão minha se existe a opção da vida “dar isso”. Sei que pode parecer meio infantil, é verdade. Mas fale aí se não era melhor não carregar o tanto de culpas que acumulamos (na grande maioria das vezes, em vão) nas costas quando não optamos pelo melhor, mas tivemos que optar por algo?
A verdade é que a vida é um misto de “deixa a vida me levar” com “pra quem não sabe onde vai nem os ventos ajudam”.
De que time você é? Eu sinceramente, confesso que depois de muita terapia, tive que escolher um. Não negando a existência do destino, que acho sim que ele existe. Mas reconhecendo que às vezes é necessário um pulo maior meu, mesmo quando o destino, que vai fazer seu papel mais adiante, ainda não tenha dado as caras.
Vou dar um exemplo prático, aqui entre nós: quando estava namorando meu, hoje, marido e morávamos em Fortaleza, ele, pernambucano, recebeu uma proposta de trabalho pra voltar pra Recife. No fim das contas, a opção era eu ir junto ou terminarmos (eu coloquei esses termos), não dava mais pra me relacionar a distância depois de algumas experiências, não naquele momento.
Que vontade de colocar essa decisão nas mãos do destino e dizer: deixa acontecer naturalmente. Não acontecia. Ou eu largava tudo e ia ou eu ficava e provavelmente perderia ( esse exemplo cabe apenas a mim, tá? Você não precisa ir sempre). Eu, na minha história, ou terminava ou ia. Que vontade de deixar a vida decidir. Mas não dava tempo.
E já se foram 3 anos. Muitas vezes carrego algumas culpas da minha escolha - de não ver meus pais envelhecerem ou meus sobrinhos crescerem - mas hoje, tenho meu próprio lar, meu lugar.
Um dia, de acordo com os meus sonhos, a casa da minha mãe teria que ser apenas a casa da minha mãe. Era o momento, era o gancho, era o que precisava ter sido feito. Minha escolha, foi enfim, a melhor. Peça pregada pelo próprio destino que precisou da minha decisão, entre lágrimas e sorrisos.
Finalizo com uma frase de Machado de Assis em uma das minhas obras favoritas – Dom Casmurro:
"— É pecado sonhar?
— Não, Capitu. Nunca foi.
— Então por que essa divindade nos dá golpes tão fortes de realidade e parte nossos sonhos?
— Divindade não destrói sonhos, Capitu. Somos nós que ficamos esperando, ao invés de fazer acontecer."
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.