O IBGE publicou no último dia 17, dados regionais do PIB de 2021. O crescimento do PIB do Brasil no período foi revisado de 5,0% para 4,8%, sendo que a região Sul liderou, com 6,5% e o Centro-Oeste teve a menor expansão, 1,9%. Em ambos os casos, o desempenho (acima e abaixo da média nacional) foi influenciado pelo setor agropecuário. O Nordeste, que costuma ter um crescimento em linha com o Brasil, teve um resultado abaixo do nacional, de 4,3%. Com isso, a região teve a maior redução de participação no PIB nacional (0,4 p.p.). Dentre os estados, Alagoas teve a maior variação (6,3%) e Pernambuco a menor taxa (3,0%).
O órgão de estatística brasileiro vem fazendo um excelente trabalho. No entanto, a publicação de dados, que são essenciais para o planejamento de empresas, famílias e governos, com tamanha defasagem, gera ineficiências. Empresas como o Itaú, com grande investimento em big data, tem tentado auxiliar e suprir essas lacunas com indicadores proprietários mais tempestivos. Já divulgamos algumas vezes neste espaço o nosso indicador de atividade econômica, o IDAT, que usa dados de cartões para o cálculo de consumo das famílias em bens e serviços.
Apesar de não ter cobertura de todo PIB, ele nos guia nas principais atividades do PIB e os dados de outubro já estão disponíveis, antes mesmo de indicadores oficiais de comércio e serviços. O desempenho acumulado do ano (até outubro), tanto para serviços, quanto para bens é negativo em todas as regiões. Felizmente, o Nordeste não se destaca. A região apresenta retração de serviços em 7% (a pior região é o Sul, -11%, e a melhor o Centro-Oeste, -2%) com queda acentuada de restaurantes e bares (-14%), mas com bom desempenho em recreação (+20%). Já o comércio cai menos, -4% e, novamente, Sul tem o pior resultado, -12%, e o Centro-Oeste o melhor, -7%. Em pontas opostas, o setor Farmacêutico retrai 19%, enquanto Vestuário cresce 16%.
Com isso, projetamos que o PIB do Nordeste crescerá 2,5% em 2023, um pouco abaixo do PIB nacional (2,9%) e 1,7% em 2024, contra nossa projeção para o PIB nacional de 1.8%. Importante notar que o IDAT ampliado, incluindo também dados de pagamentos via PIX, mostram quadro compatível com a expansão do PIB – esses dados serão publicados proximamente. O desafio de projeções mais granulares e acuradas passa pela disponibilização de dados mais tempestivos.