Com mais de um ano e dois meses de pandemia no País, o sonho de boa parte dos brasileiros é a vacina contra a Covid-19. No entanto, menos de 20% da população recebeu a primeira dose do imunizante e nem 10% das pessoas foram contempladas com a segunda. Um grupo seleto, de 1800 brasileiros que representarão o País ou trabalharão nos Jogos Olímpicos, será vacinado a partir desta sexta-feira.
As vacinas serão repostas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), que disponibilizou a todos os comitês olímpicos nacionais doses suficientes para imunizar mais dois cidadãos (a cada membro da comitiva), além dos previstos para as Olimpíadas. Por aqui, devem ser cerca de 7 mil doses adicionais que serão entregues ao SUS.
Fortaleza está entre as seis cidades, onde atletas e comitiva serão vacinados. Na capital, devem receber as doses 25 pessoas do grupo. Entre eles, a dupla do vôlei de praia Ana Patrícia e Rebecca, que será contemplada com a primeira dose no próximo dia 17.
A cearense Rebecca já está na expectativa: “A gente fica feliz por vacinar, ter um pouco mais de tranquilidade dentro desse novo normal tão difícil.[...] Espero que em breve todo mundo possa ter direito de vacinar também e essa situação se amenize”.
A mineira, que mora em Fortaleza, Ana Patrícia contou sobre o sentimento de continuar competindo em plena pandemia e comemora a possibilidade da imunização.
“Está sendo uma montanha russa de emoções tudo o que temos passado no último ano. O medo e as incertezas do início da pandemia, o isolamento, o distanciamento, a paralisação do nosso trabalho, o relaxamento e a volta das competições. [...] Todos nós aguardamos muito por esse dia. Por conta dos Jogos Olímpicos, nós, atletas profissionais, estamos recebendo a vacina agora, para poder viajar e competir, representar o Brasil na maior competição do mundo", disse.
Tem representante olímpica cearense, que reside fora do país e já está vacinada. É o caso da triatleta Vittoria Lopes. Ela mora nos Estados Unidos e tomou as duas doses em abril, no Colorado.
A atleta destaca que se sente mais segura, mas continua tendo cuidados .Nos EUA, a vacinação anda em um ritmo totalmente diferente do Brasil, Vittoria de 25 anos, conta que os moradores são chamados pelo telefone a comparecerem a um ponto de imunização. Ela apoia a iniciativa de vacinar os atletas olímpicos no Brasil e destaca a importância da iniciativa, já que haverá também doses disponíveis à população.“Quando eu fui vacinada, fiquei muito feliz [...] parecia que tinha ganho um prêmio na loteria”.
Momento crítico da pandemia no Japão
A ideia de possibilitar imunização do staff envolvido com os jogos parece ser uma das maneiras de tentar angariar simpatia para a realização dos Jogos. Pesquisa divulgada no último final de semana por um jornal japonês aponta que 59% dos entrevistados querem o cancelamento das Olimpíadas. A opinião vem em um momento no qual o País passar por um cenário epidemiológico crítico em relação à proliferação do coronavírus.
O estado de emergência foi prorrogado em algumas cidades, incluindo Tóquio, até 31 de maio. A média móvel de casos diários, por exemplo, ultrapassou os 5 mil na primeira semana de maio, o que remeteria uma quarta onda da doença por lá.A vacinação caminha a passos, aparentemente até mais devagar do que no Brasil.
Apenas cerca de 3 milhões de pessoas, 1,6% do total, foram vacinadas. Por conta desse contexto, mais uma visita do presidente do COI, Thomas Bach, foi cancelada. Ele iria participar do revezamento da tocha e vistoriar estruturas em Tóquio.
Um alento é que um evento-teste, a Copa do Mundo de Saltos Ornamentais, realizado no último final de semana, com 438 participantes, registrou apenas um caso de covid. O cumprimento das medidas sanitárias e o reflexo de sucesso é estímulo.
A pouco mais de dois meses para o início das disputas, os Jogos seguem confirmados, sem perspectiva de alteração. As Olimpíadas, além de um evento esportivo representam uma grande confraternização entre as nações.
Se o momento não é o mais ideal em perspectivas sanitárias, pode ser um marco importante neste momento histórico. Atletas são espelho para a sociedade e a adesão à vacina, pode funcionar como incentivo. Além disso, histórias positivas, geradas pelo esporte, podem trazer ânimo em tempos em que o amanhã é ainda mais incerto e looping em que vivemos por conta da pandemia parece não ter um fim muito próximo, principalmente, para os brasileiros.