Ao lançar EP com seis faixas musicais na última semana, a Ex-BBB Juliette causou mais uma vez! Ela conseguiu conquistar quase seis milhões de ouvintes nas plataformas de streams nas primeiras 24 horas de estreia do trabalho, um recorde que merece ser visto com toda atenção e muito cuidado.
Antes a juventude sonhava em fazer sucesso cantando rock'n roll, atuando em novelas, jogando futebol ou apresentando programas de televisão. Hoje, um pré requisito para tudo isso acontecer é participar de um Reality Show. Esse tipo de atração virou vitrine para inúmeros anônimos alcançarem o tão sonhado estrelato! O problema é que essa linha é muito tênue e pode confundir drasticamente a cabeça do público.
Quando vi o primeiro anúncio de uma live da Ex-BBB Juliette com o eterno ídolo Gilberto Gil confesso que estranhei. Muitos artistas repletos de bagagem queriam uma parceria como essa e não conseguem, enquanto uma figura sem um caminho musical firme já conquistou tal feito em seus “primeiros minutos” pós reality.
A surpresa foi ainda maior quando soube que a paraibana iria lançar tal um álbum fonográfico de faixas inéditas. Com a curiosidade eminente, assim que ficou disponível, ouvi cada faixa várias vezes e com atenção. Muitas são as observações, positivas e negativas, mas antes é preciso compreender a diferenciar a cantora da influencer.
“Rapadura é doce, mas né mole”
O EP que recebe o nome da cantora “Juliette”, tem edição da Rodamoinho Records/Virgin Music Brasil e traz ao público seis faixas onde o Nordeste e suas tradições são retratados com leveza, desprendimento e certa alegria. Tanto as letras como as composições confirmam isso, além do sotaque gosto da intérprete “made in Paraíba”.
A primeira faixa do trabalho fonográfico já mostra o que vamos encontrar do início ao fim. “Diferença mara” de Dann Costara e Zé Neto afirma uma Juliette que resgata a imagem dentro do Big Brother Brasil, fazendo questão de dizer suas origens. O xote na pegada eletrônica vai logo dizendo a que veio: preconceito eu só engulo com farinha!
Apesar da boa produção, tenho que observar o EP com o olhar crítico, que vai além da admiração pela personalidade da intérprete. Aliás, acho que a interpretação é um dos pontos fracos, Juliette apresenta afinação e suavidade na voz, mas seu cantar beira o morno, o inverso de sua altivez tão marcante.
Dentre o leque de canções, vale falar da despretensiosa “Doce” de Anitta e parceria com Jefferson Jr. e Umberto Tavares, desmancha o mel da batata doce e cai muito bem na voz da advogada. Feito esse que se repete também nas músicas “Sei lá” (Carlitos, Isabelle Fernandes e Juzé) e “Benzin” (Umberto Tavares, Jefferson Jr e Rapha Lucas) e “Vixe que gostoso” (Shylton Fernandes, Diego Barão e Lucas Medeiros) .
Do BBB para o mundo
Já assisti entrevistas onde a própria Juliette afirmou que não pretende ser cantora, mas inteligente como é não poderia abrir mão de tal oportunidade. Como influencer, seu primeiro álbum cumpre bem o papel reforçando a marca agradável da moça por onde ela passa, agora pensando em um lançamento de uma nova artista musical há muito o que melhorar.
O que me preocupa não é a entrada da paraibana no meio. Isso é o de menos! O que realmente merece cuidado é como o público reage a tal imersão. Quando o espectador confunde uma “celebridade querida” com uma “artista talentosa” demonstra o perigo no futuro que está sendo construído para as artes.
Muitos fãs e amigos famosos da Ex-BBB esbanjaram elogios à cantora e estão considerando um fenômeno musical. Peço desculpas para quem acredita nisso, mas é necessário distinguir qualidade e popularidade. O EP é bom por muitos aspectos, mas não ultrapassa a mesmice que vários teimam em repetir.
Desejo à Juliette todo sucesso do mundo e esse será com toda certeza merecido. Porém, envio junto com minhas boas energias o pedido que a advogada continue esbanjando sanidade para verificar que a música não deve ser seu foco principal e a sua voz pode refletir mais brilho ainda, mesmo não cantando.