A gigante cearense do setor de massas e biscoitos M. Dias Branco reportou lucro líquido de R$ 124,7 milhões no terceiro trimestre de 2024, um tombo de 51,9% na comparação com o lucro líquido alcançado em igual período de 2023 (R$ 259 milhões). É o pior resultado trimestral da companhia desde o início de 2023.
Os números constam no relatório de resultados divulgado para o mercado no último dia 8 de novembro. Em meio ao resultado negativo, a companhia informou uma série de "ações corretivas em andamento" e diz que "outras poderão ser iniciadas nos próximos meses" e "serão comunicadas oportunamente, visando também a obtenção de ganhos em eficiência e produtividade".
Uma dessas ações foi o enxugamento da estrutura organizacional do grupo, com "redução de cerca de 850 posições, entre mão de obra própria e terceirizada". De acordo com informações de julho disponíveis no site da M. Dias Branco, a companhia possui quase seis mil colaboradores diretos nas quatro unidades industriais do Ceará, sendo uma das maiores empregadoras do Estado. Em todo o Brasil, são mais de 17 mil colaboradores.
Em nota à coluna, a M. Dias Branco informou que os desligamentos ocorreram ao longo dos últimos meses e se deram em várias unidades do País.
"A M. Dias Branco informa que o movimento de contratações e desligamentos faz parte da dinâmica do mercado. A Companhia está sempre buscando formas de melhorar sua eficiência operacional e logística para aproveitar ao máximo sua capacidade produtiva. Os desligamentos ocorreram ao longo dos últimos meses e foram distribuídos em unidades de todo o país".
Preço do trigo
Tendo o trigo como principal matéria-prima, a flutuação do dólar tem influência sobre os números da companhia. Conforme relatório de resultados, o preço médio do trigo, que é uma commodity, foi maior no terceiro trimestre de 2024 do que no segundo trimestre de 2024, porém está abaixo do preço médio observado no terceiro trimestre de 2023.
Além da redução de cerca de 850 posições, a M. Dias Branco pontuou outras "ações corretivas". São elas:
- Consolidação do time comercial em uma única diretoria nacional, descontinuando a abordagem de defesa (Norte e Nordeste) e ataque (Sul, Sudeste e Centro-Oeste), de modo a ganhar eficiência, agilidade e escala;
- Ajuste da malha logística, de produção e de distribuição, de modo a otimizar a estrutura de custos;
- Consolidação de um time dedicado integralmente à excelência comercial, com foco na definição e mapeamento de rota ao mercado e no controle de indicadores;
- Alocação do time de Gestão de Receita, que inclui o controle de preços, na Vice-presidência de Investimentos e Controladoria, e revisão da política de preços;
- Esforço coordenado para a redução das Despesas Administrativas e com Vendas;
- Criação de um time focado integralmente em Food Service;
- Fortalecimento de exportações, priorizando os mercados focos e as principais categorias, com o objetivo de crescimento consistente.
De acordo com o relatório, as ações acima e outras que serão iniciadas buscam "adequar a estrutura e execução à realidade atual do mercado".
O Grupo M. Dias Branco possui 22 indústrias, sendo 13 fábricas de massas, biscoitos e outros alimentos; sete moinhos de trigo e duas fábricas de cremes e gorduras vegetais, além de 29 filiais comerciais que viabilizam a distribuição dos produtos para todo o Brasil e mais de 40 países, conforme dados de julho disponíveis no site da M. Dias Branco.
Receita líquida e volume de vendas
A redução do lucro líquido está de certa forma em linha com a receita líquida que retraiu 12,1% no terceiro trimestre de 2024 (R$ 2,4 bilhões) na comparação com igual trimestre de 2023.
As vendas de biscoitos e massas cresceram em volume. No caso dos biscoitos, o avanço foi de 1% no terceiro trimestre na comparação com igual período de 2023. Em relação às massas, a alta foi de 5%, considerando a mesma base de comparação.
Investimentos
O grupo também reportou que os investimentos totalizaram R$ 84,6 milhões no terceiro trimestre de 2024, "com destaque para melhorias na unidade Eusébio", na Região Metropolitana de Fortaleza, e "máquinas e equipamentos para a produção de lámen não frito". Neste ano, a M. Dias anunciou o lámen zero fritura e com teor reduzido de sódio em seu portfólio, com tecnologia importada da Ásia.
O volume de R$ 84,6 milhões representa, no entanto, queda de 20% na comparação com o terceiro trimestre de 2023, quando foram R$ 106,3 milhões em investimentos do grupo.