Febre nos anos 90, máquinas de ursinhos voltam à cena e geram 'caçadores' de pelúcia no Ceará

Empresa cearense do ramo de máquinas dobrou operação em 2023

Não precisa de esforço para encontrá-las. Elas estão espalhadas por todos os lugares: supermercados, pátios comerciais, restaurantes e até mesmo conveniências de postos de gasolina. Famosas na década de 1990, as máquinas de grua que pegam pelúcias voltaram a cair no gosto dos consumidores, multiplicaram-se no Ceará ao longo dos últimos anos e, assim, movimentam todo um mercado correlato, do setor de serviços à indústria.

Nos shoppings, por exemplo, chega a ser comum ver certa concentração de pessoas ao redor desses equipamentos, seja para assistir a quem tenta uma vitória contra a máquina ou para esperar a vez de brincar. Não à toa, as máquinas nesses estabelecimentos - antes limitadas aos espaços dedicados a brinquedos e videogames em shoppings - estão cada vez mais vistosas e variadas.

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Hoje, além dos ursos que costumávamos ver nos anos 90, há as máquinas de pelúcias gigantes (algumas com grua ou outro mecanismo para pegar o item), de chaveiros, pelúcias em tamanho mini e até mesmo bonecos do tipo Funko Pop! entre outros brinquedos.

A coluna fez um levantamento de quantas dessas máquinas há nos shoppings de Fortaleza e região metropolitana. Foram consultados 12 shoppings, dos quais todos responderam.

Ao todo, são 61 máquinas espalhadas pelos empreendimentos, sendo que o Shopping Parangaba conta com duas lojas destinadas apenas a uma variedade de máquinas de brindes (ursos grandes, médios, pequenos, chaveiros e outros). O Shopping Benfica e os shoppings RioMar (Fortaleza e Kennedy) também tem lojas nesse sentido.

A loja no Shopping Parangaba foi inaugurada no ano passado. As unidades no RioMar também foram inauguradas em outubro (Fortaleza) e dezembro (Kennedy) do ano passado. A do Benfica abriu em janeiro deste ano.

No RioMar, Fortaleza e Kennedy, as unidades inauguradas são da empresa cearense Space Machine. O negócio começou há sete anos no segmento de máquinas de "bolinhas pula-pula", comuns em restaurantes. Há três anos, o empresário Rodolfo Leitão decidiu investir no ramo de máquinas de grua, adquiridas de um importador em São Paulo.

Esse mesmo importador também fornece as pelúcias, que são abastecidas diariamente nas máquinas de shopping e de duas a três vezes por semana em outros estabelecimentos onde o giro é menor. Hoje, a Space Machine conta com seis funcionários.

Empresa dobra operação

No ano em que entrou no ramo, Rodolfo tinha 28 máquinas em operação. Com a popularidade das máquinas, o número praticamente dobrou. Tanto que, além das lojas nos dois shoppings RioMar, uma nova loja deve ser inaugurada no North Shopping Fortaleza até a segunda quinzena de março deste ano. Há ainda conversas para entrada da marca no Iguatemi Bosque e em Teresina, no Piauí.

"Nossa loja foi a primeira em Fortaleza. Trouxe o projeto de uma viagem, apresentei para o RioMar e o shopping comprou a ideia. Hoje a loja graças a Deus é um sucesso", diz o empresário.

Nas lojas da Space Machine há, além das máquinas, venda de produtos (pelúcias exclusivas e outros brinquedos) e um atendente que faz a gestão das vendas e auxilia os consumidores que precisem de orientação na hora de usar as máquinas. "Até porque trouxemos algumas máquinas diferentes para o mercado, então o atendente ajuda a proporcionar uma experiência mais bacana".

Ele explica que, para ter a máquina no estabelecimento, é a Space Machine que paga o aluguel. "É como 'comprar' um espaço no restaurante. A gente chega com a proposta para o estabelecimento, porque é um atrativo, então somos nós que pagamos o aluguel para o restaurante".

E o atrativo, apesar da ludicidade das máquinas e das pelúcias, atrai mesmo é os adultos. "Na verdade, hoje em dia, o foco não é mais na criança e sim nos adultos, que brincam bem mais que as crianças", pontua Rodolfo Leitão.

Brincadeira de gente grande

O monitor de Informática John David, por exemplo, já chegou a conquistar 51 ursos, sendo três ursos conhecidos como “gigantes”, mas ressalta, entre risos, que adquiriu a “técnica” após gastar bastante dinheiro.

A maioria dos ursinhos conquistados por John acabavam sendo doados logo após ele retirar. “Sempre que eu pegava um urso eu não sabia o que fazer com ele, então eu doava ou dava de presente, no fim se tornou um hobby”.

A diversão, entretanto, pode custar um pouco caro. Ele revela que já chegou a gastar R$ 300 para retirar dois ursos em uma dessas máquinas e que, normalmente, gasta R$ 100 quando entra na brincadeira. “Costumo ir em finais de semana alternados ou quando estou de folga. Eu tento mais nas máquinas de shopping”, conta.

'Caçadores de ursinhos': um negócio paralelo

Mas nem todo mundo leva a atividade como apenas hobby ou diversão. Rodolfo Leitão revela, inclusive, que essa brincadeira de adulto tem um lado que ele considera problemático. Isso porque alguns adultos se tornaram "especialistas" em pegar os ursinhos para revender por um valor mais alto.

"Tem gente que tá começando a levar como profissão, dormem e acordam nos pontos (esperando o abastecimento das máquinas, já que com a máquina cheia é mais fácil pegar)", diz o empresário. "Por exemplo: com R$ 20 ele pega uma pelúcia e revende por um valor bem maior", destaca Rodolfo Leitão.