Pré-candidato ao governo do Estado pelo União Brasil, o deputado federal Capitão Wagner segue sua pré-campanha com relativa tranquilidade. Enquanto acompanha os adversários do grupo governista se digladiarem, Wagner mantém quatro partidos unidos na oposição com possibilidade de agregar novos apoios, e está se preparando para temas espinhosos que estão por vir na campanha eleitoral.
Dois deles são centrais: a participação do presidente Jair Bolsonaro e de que forma deverá abordar a questão dos motins de policiais militares, tema que confrontou o pré-candidato e acabou gerando desgaste nos últimos embates em busca de votos para o Executivo.
Wagner fala com naturalidade sobre os dois temas. Ele recebeu, na última sexta-feira um grupo de jornalistas políticos, entre os quais este colunista, para uma conversa sobre o cenário e as estratégias pré-eleitorais da oposição no Ceará.
O pré-candidato ainda aguarda definição de alguns partidos para formar o seu arco de aliança, exemplo do PL, do próprio presidente Bolsonaro, e do MDB, do senador Eunício Oliveira, que conversa com as forças estaduais para tirar uma definição.
Entretanto, mesmo sem essa definição formal, será inevitável a associação de sua imagem à do presidente da República. Wagner, que iniciou carreira política na representação de policiais militares, diz que está mais próximo de Bolsonaro na questão ideológica, mas que “não concorda em tudo” com o presidente.
Dessa forma, Capitão Wagner deverá adotar um discurso de direita, favorável às forças conservadoras, inclusive ao presidente, mas mantendo uma distância regulamentar. Ou seja, pelas ponderações que apresenta, não se apresentará como um “bolsonarista de carteirinha”, como defendem alguns aliados do presidente no Estado.
O PL de Bolsonaro está sendo cortejado pelo pré-candidato de oposição. Ele chega a afirmar que a direção nacional da legenda quer uma aliança com o União Brasil no Ceará, mas que o líder local, Acilon Gonçalves, deseja candidatura própria. Mesmo assim, as partes seguem negociando.
Atualmente, a pré-candidatura dele tem apalavrado o apoio de União Brasil, Podemos, Avante e PTB. Nestes, há dois pré-candidatos a presidente: Luciano Bivar, correligionário de Wagner, e André Janones, do Avante. Haverá na coligação, diz o deputado, respeito a todos os pré-candidatos a presidente.
Tema motim
Em relação ao tema espinhoso, Wagner aponta uma espécie de mudança de rumos na estratégia eleitoral. Ao invés de insistir que não teve participação no movimento ocorrido em fevereiro de 2020, Capitão Wagner diz que irá apostar em mostrar à população as reivindicações dos policiais.
“Estou bem tranquilo em relação a isso. Fizeram uma CPI para apurar essa questão do motim e não encontraram nada”, diz em referência a comissão que está em andamento na Assembleia Legislativa e investiga possíveis ligações entre associações militares e o motim.
Wagner sabe que os adversários devem explorar esses dois temas nevrálgicos e tenta se preparar para a reação.