O que querem PT e PDT em meio ao pouco provável risco de rompimento da aliança no Ceará

Os comandos sabem que um racha neste momento seria ruim para ambos. Apesar do fogo cruzado com Ciro Gomes, há outros interesses conflitando

Não interessa ao Partido dos Trabalhadores (PT) - e nem ao Partido Democrático Trabalhista (PDT) - romper a aliança que governa o Estado desde 2006. As pesquisas internas apontam que um eventual racha não ajudaria a nenhum dos dois no cenário atual da sucessão estadual.

Talvez por isso, a nota lançada pelos petistas nesta quarta-feira (4) deixou de lado o tom beligerante focado na parceria e centrou fogo em revide aos tiros disparados contra “uma parte” da legenda por Ciro Gomes no dia anterior.

No documento, embora faça duras críticas ao ex-governador e mande recados sobre a escolha do candidato ao governo do Estado que, segundo os petistas, Ciro quer que seja “à sua imagem e semelhança”, a nota não cita, em nenhum momento, a possibilidade de rompimento.

Para resumir: o PT, que tem um grupo interno contrário à aliança com os Ferreira Gomes, tem feito investidas para tentar evitar que Roberto Cláudio, ex-prefeito de Fortaleza e desafeto da antecessora Luizianne Lins, seja o candidato ungido pelo grupo governista à sucessão.

Foi por isso que Luizianne ameaçou deixar o PT ao fim da janela partidária. Nos bastidores, lideranças insurgentes tinham pouca fé de que José Guimarães, detentor da hegemonia do controle do diretório estadual petista, resistisse ao nome de Roberto Cláudio, caso houvesse a imposição dos irmãos Gomes.

Os recados recentes mandados por Guimarães ao PDT, segundo os quais o petismo não aceitaria “imposição de nomes”, era muito mais para tranquilizar os aliados céticos dentro do PT. A condição de Izolda Cela neste cenário, entretanto, ajudou auma certa pacificação no Partido.

Ao perceber as vantagens de Izolda, que tem a máquina na mão e passou a ser defendida pelos petistas, aliados de Roberto Cláudio resolveram partir para o confronto em defesa do nome do ex-prefeito.

Teses internas no PT

A narrativa inicial foi a defesa de uma “candidatura própria” em um palanque fiel ao ex-presidente Lula. A tese foi superada após o próprio Lula não estimular a possibilidade. Mais do que isso, o ex-presidente entregou a Camilo Santana a missão de montar o palanque da aliança estadual.

Camilo, como um equilibista, se mantém no PT e, ao mesmo tempo, aliado fiel de Cid e Ciro Gomes. Até pela posição de destaque que conquistou no comando do Estado, Camilo, naturalmente, terá muito peso na decisão de candidatura. E ele parece já ter uma inclinação pela sua sucessora, pré-candidata pelo PDT.

Izolda é muito próxima dos irmãos Gomes. Muito mesmo. Entrou na vida pública por intermédio deles. Até mesmo o esposo dela e ex-prefeito de Sobral Veveu Arruda, filiado ao PT, mantém lealdade aos conterrâneos do PDT.

A aposta dobrada de Camilo

Camilo tem feito a defesa do governo de Izolda – que acaba sendo o dele também - em toda oportunidade. Mas as declarações dele, definitivamente, não são apenas administrativas.

Ao fortalecer o nome dela, Camilo Santana sinaliza a Cid e Ciro e ao mesmo tempo aos correligionários.