José Sarto (PDT) é o primeiro prefeito de Fortaleza a não conseguir se reeleger desde que foi criado esse mecanismo constitucional da reeleição no fim da década de 1990. Além disso, o resultado abaixo do esperado no primeiro turno põe fim a uma hegemonia de 12 anos do PDT à frente da Prefeitura de Fortaleza.
A pergunta que emerge do resultado é: o que explicaria o resultado ruim do gestor de Fortaleza, a maior cidade do Nordeste?
As dificuldades de Sarto começaram ainda no início da administração em 2021. Em meio à pandemia e a problemas pessoais, o prefeito demorou a mostrar presença no comando da gestão e no debate público. Em diversas oportunidades a ausência ficou evidente e era admitida nos bastidores até por pessoas da gestão.
Some-se a isso uma evidente dificuldade de articulação política, cujo maior reflexo era na Câmara Municipal, com uma constante insatisfação de vereadores da base aliada. Algumas manifestações ocorreram publicamente.
O resultado disso é que, mesmo no comando da máquina municipal, Sarto chegou à disputa pela reeleição com uma coligação partidária pouco expressiva, sem o tempo necessário de propaganda para mostrar feitos da gestão.
O rompimento entre PT e PDT em âmbito estadual em 2022 acabou sendo outro duro golpe nos planos do prefeito. No âmbito administrativo, uma relação tumultuada com o governo Elmano e a perda de recursos em projetos municipais. Na política, o surgimento de um forte adversário eleitoral com estrutura partidária e de poder robustas, capaz de criar uma dificuldade a mais para o PDT em Fortaleza, que acabou se confirmando.
Na reta final do mandato, a aprovação de uma medida impopular como a taxa do lixo, que acabou virando tema de campanha, ofuscou a estratégia do prefeito de mostrar como trunfo um conjunto de obras robusto, incluindo 24 novos postos de saúde.
Por fim, uma estratégia de comunicação eleitoral arriscada, com aposta em linha irreverente e popular, estilo “zoeiro”, bastante descolada do perfil do candidato. Não deu certo.