Em recente entrevista ao Diário do Nordeste, o presidente estadual do PL, deputado estadual Carmelo Neto, disse considerar que os campos da direita e centro-direita poderão sair unidos na eleição de 2024 em Fortaleza. Uma junção dos três nomes já lançados como pré-candidatos poderia favorecer o campo político em uma disputa com grande peso do PDT e do PT. Entretanto, o cenário atual, a dez meses da eleição, sinaliza como remota a chance de isso acontecer.
Capitão Wagner (União Brasil), André Fernandes (PL) e Eduardo Girão (Novo) já trabalham como pré-candidatos em uma disputa que ainda terá, no mínimo, dois outros fortes concorrentes: o prefeito José Sarto (PDT), que busca a reeleição, e um candidato ungido pelas forças governistas lideradas pelo PT do governador Elmano de Freitas e do ministro da Educação, Camilo Santana.
O PDT ocupa a Prefeitura atualmente e o PT foi o antecessor no comando da Capital. Os dois partidos comandam Fortaleza, portanto, desde 2004, há 19 anos. As trocas de farpas recentes entre aliados de Sarto e Elmano sinalizam que o embate entre os dois grupos vai captar boa parte da atenção do período pré-eleitoral, somando-se ao fato de Lula estar na Presidência da República.
Essas sinalizações estão a exigir do campo de direita e centro-direita uma atenção especial à estratégia de 2024 para evitar que a disputa entre os dois partidos reduza a eleição a uma polarização semelhante à que ocorreu em 2022 entre Lula e Bolsonaro.
As circunstâncias da eleição municipal, naturalmente, são diferentes. A disputa pelas prefeituras traz elementos mais voltados às cidades, diferentemente dos pleitos gerais, cujas alianças nacionais têm um peso maior.
Diante da capilaridade das legendas e grupos políticos de centro-esquerda e esquerda na Capital cearense, o lançamento de três candidaturas de direita, como se desenha, poderá reduzir as chances de um deles chegar ao segundo turno, por conta da pulverização de votos.
Objetivos diferentes
Na conjuntura atual, Capitão Wagner, que adota uma linha de centro-direita, André Fernandes e Eduardo Girão, ambos mais à direita, têm apresentado objetivos completamente diferentes para o próximo ano.
Com uma votação mais consolidada, vindo de dois bons resultados nas duas últimas eleições majoritárias na Capital, o nome do União Brasil tem um eleitorado mais consolidado e aposta em 2024, exatamente, no recall adquirido. Além do mais, ele aparece melhor colocado em pesquisas eleitorais. Seria difícil pensar em uma renúncia à cabeça de chapa.
Fernandes, por sua vez, tem um objetivo claro: reforçar o grupo liderado por Jair Bolsonaro em Fortaleza e no Ceará. Em novo momento, o PL do Estado, após a saída de Acilon Gonçalves, está totalmente voltado aos objetivos bolsonaristas e, recentemente, teve desentendimentos com Wagner.
Eduardo Girão, com atuação consolidada no Senado em pautas de direita, se filiou ao Partido Novo no início deste ano e vem sendo incentivado pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema, a ser candidato e fazer o partido crescer em Fortaleza. Até por uma questão estrutural do Novo, Girão pode ser o mais propenso entre os três a abrir mão para compor.
O fato é que a possibilidade de os três nomes concorrerem preocupa líderes do campo político e pode abrir caminho para uma disputa resumida às candidaturas de PT e PDT.