Membros dos partidos que, em tese, compõem a base do governo Lula no Congresso Nacional, deputados da bancada cearense apontam “ausência de articulação” e falhas na condução política do processo legislativo no Congresso Nacional por parte da Liderança do Governo e do Ministério das Relações Institucionais. Os parlamentares dizem que a desorganização está emperrando praticamente todas as votações importantes e põe em risco o andamento da gestão.
O relato dos congressistas ouvidos por esta Coluna envolvem falta de engajamento, de diálogo e problemas na distribuição de espaços políticos nos estados como sendo algumas das questões que submeteram o governo Lula a uma derrota importante no Congresso.
Desde a semana passada, ganhou mais repercussão o revés que o governo Lula sofreu na votação sobre mudanças promovidas pelo presidente do Marco do Saneamento. Antes disso, entretanto, os avisos de que partidos como União Brasil, MDB, PSB e PSD, que ocupam cargos no primeiro escalão do governo, não votariam unidos na Câmara dos deputados.
No centro do furacão político estão dois personagens: Alexandre Padilha, o ministro, e José Guimarães, deputado federal cearense, líder do governo na Câmara dos Deputados.
Lamentações governistas
Um dos deputados cearenses diz que, passados cinco meses, nem sequer foi chamado para conversas com a liderança do governo. “Situação está muito preocupante. A pauta do Congresso Nacional só tem projeto sem relevância orque o governo parece não ter voto”, diz um deles.
Outra cobrança frequente é em relação a divisão dos cargos políticos nos estados. Segundo outro parlamentar cearense, a esmagadora maioria das nomeações importantes no Ceará foram para membros do PT. “Os parlamentares têm demandas. Os cargos, até agora, foram para o PT ou para gente sem representatividade no Congresso”.
Um terceiro parlamentar, por outro lado, aponta que a articulação política tem distribuído cargos com apoiadores do ex-presidente Bolsonaro. “O resultado está aí... esses deputados não votam com o governo”. As conversas nas bancadas dos estados, reforça, é a mesma: os cargos estão indo em grande maioria para o PT.
Nesta sexta-feira (12), o presidente Lula chega ao Ceará em meio às cobranças por ajustes na condução da relação com o Congresso Nacional.