Efetivamente, as causas do apagão que deixou 25 estados brasileiros sem energia permanecem desconhecidas. Cerca de 24 horas após o episódio que paralisou o país e causou prejuízos bilionários, ainda não há informações precisas sobre o que ocasionou o problema. O que está claro, contudo, é o desastre que representou a entrevista coletiva do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ao tentar esclarecer o assunto.
Desde o fim da terça-feira (15), o Ceará tem sido apontado como o possível epicentro do problema. No entanto, especialistas descartam a ideia de que um possível excesso de produção de energias renováveis possa ter causado o apagão. Como ocorre frequentemente no Brasil, o caso ganhou contornos políticos.
Após as declarações do ministro em Brasília, o deputado federal cearense Danilo Forte (União) foi à tribuna da Câmara dos Deputados para rebater os argumentos.
“O que presenciamos hoje foi uma tentativa de justificativa para o apagão que carece de embasamento técnico. O colapso de ontem foi resultado de uma falha técnica e de gerenciamento do sistema. Ver o ministro afirmando que o problema originou-se no Ceará é o mesmo que culpar o céu quando chove”.
Danilo faz parte da Frente Parlamentar de Energias Renováveis e da Comissão de Transição Energética e Produção de Hidrogênio Verde.
“Desde o ano passado, venho defendendo que é preciso expandir as linhas de transmissão no Nordeste. O que tivemos, ao contrário, foram empecilhos e dificuldades na ampliação da rede de transmissão, necessária para escoar a energia produzida na Região”, afirma.
Para o parlamentar, o apagão elétrico é responsabilidade do Operador Nacional do Sistema (ONS), encarregado da gestão da energia entre todas as regiões do país.
Segundo ele, graças ao Nordeste e à geração de energia eólica e solar, o Brasil evitou uma crise no setor em 2019. Agora, em contraste com aquele período, há mais oferta de energia elétrica do que demanda.
Nos bastidores do Congresso Nacional, as especulações sobre uma possível saída de Alexandre Silveira do ministério têm crescido. Como senador e membro do PSD, sua ausência nos debates tem desagradado outros parlamentares.